Dados do Trabalho
Título
O caso SATIRICON
Breve descrição da ocorrência atendida
Trata-se de um caso de homicídio ocorrido em janeiro de 1992, cuja vítima era um homem de mais de sessenta anos e que havia – há alguns anos – se separado da família para assumir a sua condição de homossexual. Quando dos exames periciais o corpo já estava em adiantado estado de decomposição.
O agente criminoso finalizou os golpes (arma branca, 33 lesões) com a vítima sobre a cama. Depois arrastou seu corpo para o piso, deixando-o em posição de cruz.
Aspectos importantes nesse caso foram as várias informações que a perícia proporcionou para que a investigação policial chegasse até o autor do crime, pois – a partir do laudo – puderam os investigadores saber que o autor era conhecido da vítima, que ele planejou e premeditou detalhadamente o crime, que tinha um nível cultural médio a elevado, dentre outros dados.
Tais fatores puderam ser diagnosticados a partir dos vestígios pré-evento, por aqueles diretamente produzidos na ação homicida, como também por intermédio das mensagens deixadas pelo autor do crime, mediante a colocação de um livro (Estorvo, de Chico Buarque de Holanda, 1991) no tórax da vítima; a inscrição da palavra SATIRICON no espelho do banheiro, utilizando-se de sangue; e. a colocação de um quadro de Cristo pregado à cruz ao lado da vítima.
Em pesquisa à época, descobrimos que Satiricon foi o título de um filme, dirigido pelo Diretor italiano Federico Fellini, o qual foi baseado no livro Satiricon, cujo enredo retrata a alta sociedade romana 70 dC, com sua burguesia composta por escravos libertos e ricos, em cujas ações e comportamentos denotavam a perda dos valores morais no convívio social. No referido livro consta a informação de que Satíricon era o nome de uma planta afrodisíaca, usada para estimular as orgias sexuais.
O livro Estorvo, lançado em 1991, tem como tema uma análise da perda dos valores morais da nossa sociedade atual.
O laudo deste caso está publicado em nosso livro "Perícia Criminal e Cível".
Fotografia 2
Mostra o corpo em adiantado estado de putrefação, sua posição em cruz, o livro Estorvo sobre seu tórax e, ao lado, os pés da mesinha (que serviu de base para colocar o quadro de Cristo à Cruz) por sobre as manchas de sangue, dentre outros vestígios que também podem ser vistos nessa tomada fotográfica.
Área
Fotografia Forense
Autores
ALBERI ESPINDULA