15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

O CONHECIMENTO DE FIBRILAÇÃO ATRIAL ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA

Fundamentação/Introdução

A primeira referência à fibrilação atrial (FA) data do período antes de Cristo (entre 1696 e 1598 a.C.).A fibrilação atrial é a arritmia sustentada mais frequente. Sua prevalência aumenta com a idade, e frequentemente traz complicações tromboembólicas. Sua prevalência na população geral está entre 0,4 e 1%, aumentando substancialmente com a idade; entre pacientes com menos de 60 anos é inferior a 0,1%, enquanto nos acima de 80 anos sua prevalência é de 8%. Existem diversos fatores de risco para esta doença. De acordo com o estudo de Framinghan, o desenvolvimento de FA ocorreu com aumento de idade, presença de diabetes, hipertensão e valvulopatias, estando ao mesmo tempo relacionado ao aumento de risco de acidente vascular encefálico (AVE), IC, e mortalidade total. Esta arritmia tende a ser cada vez mais prevalente nas populações modernas, demonstrando-se um grande desafio à cardiologia, uma vez que podemos esperar um grande aumento de pacientes com a doença nas próximas décadas.

Objetivos

Avaliar o conhecimento médio dos estudantes de medicina sobre Fibrilação Atrial, patologia mais prevalente atualmente, entre as arritmias.

Delineamento e Métodos

Foi realizado um estudo observacional, transversal e individuado, do tipo survey, multicêntrico. Aplicou-se questionário sobre o tema Fibrilação atrial para estudantes do quarto, quinto e sexto anos de sete faculdades de medicina do estado de São Paulo, a fim de avaliar o conhecimento dos estudantes sobre o assunto.

Resultados

Aplicou-se questionário com 10 questões de múltipla escolha discorrendo sobre os aspectos diagnósticos e terapêuticos da Fibrilação Atrial, disponibilizado on-line, para que alunos do quarto ao sexto ano de 7 faculdades de medicina diferentes da cidade de São Paulo pudessem respondê-lo. A primeira questão continha um ECG característico de FA, para o qual 85% acertaram as características. A segunda questão discorria sobre os fatores de risco para desenvolvimento de FA, 65% acertaram a questão. A terceira questão associava a FA a um pior prognóstico em pacientes com Insuficiência cardíaca, 94% reconheceram o fato. A quarta questão discorria sobre o quadro clínico da FA, e 83,33% erraram, assinalando a alternativa que expunha o quadro oligossintomático, com sintomas como palpitação e síncope, indo de encontro ao fato de que a maioria dos casos é assintomática. A quinta questão diferenciava FA paroxística de FA persistente tendo como base o tempo de duração, a maioria das pessoas que responderam ao questionário não sabia o conceito. A sexta questão solicitava a principal complicação do quadro de FA, para o qual a maioria acertou a questão, 75%, no entanto os erros estavam distribuídos entre diferentes patologias. A sétima questão trazia a comparação da sobrevida entre o tratamento de FA com controle de frequência e o com controle de ritmo, solicitando qual a melhor conduta, sendo que a maioria apostou na reversão como melhor alternativa; apesar da sobrevida ser equivalente entre os tratamentos. A oitava questão trazia os escores utilizados na avaliação do paciente com FA e da necessidade de anticoagulação, CHADS VASC e HAS BLED, sendo que 65% acertaram. A nona questão solicitava os itens elencados no escore de anticoagulação, sendo que apenas 50% acertaram. A décima questão versava sobre o tempo de anticoagulação do paciente, sendo que a maioria não identificava a necessidade de anticoagulação vitalícia, apenas 20% acertaram, e alguns tomaram a FA paroxística como exceção à regra de anticoagulação vitalícia.

Conclusões/Considerações finais

A avaliação dos estudantes mostra que apesar de a maioria reconhecer características básicas como o eletrocardiograma característico, saber que o quadro clínico não é abundante, e reconhecer a necessidade de uma anticoagulação, não têm domínio sobre a epidemiologia da doença, em geral assintomática, nem dos critérios utilizados para definir a anticoagulação, quiçá têm a ciência da importância da manutenção da anticoagulação por toda vida do paciente. Nota-se, portanto, um conhecimento fragmentado do assunto, sendo assim necessária uma ênfase maior das instituições educacionais no sentido da atualização do estudante, principalmente no que cerne às patologias prevalentes e com risco à vida, como a fibrilação atrial.

Palavras-chave

Estudantes de Medicina; Questionário; Fibrilação atrial, Diagnóstico; Tratamento.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Militar de Área de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade de Santo Amaro - São Paulo - Brasil

Autores

Cauê Sauer, Caroline Valerio Spozati, Janaina Quagliareli Ramos Silva, Paula Damasceno , Antônio Carlos Lopes