15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Nem tudo que parece é insuficiência cardíaca: a importância da toxicidade pulmonar por amiodarona no diagnóstico diferencial da dispneia

Introdução/Fundamentos

Cerca de 3% de todas as pneumopatias intersticiais são causadas pelo uso de medicamentos. Entre eles está a amiodarona, um antiarrítmico comumente utilizado na prática clínica e potencial causador de toxicidade pulmonar.

Objetivos

Relatar um caso de toxicidade pulmonar por amiodarona simulando quadro clínico de insuficiência cardíaca descompensada.

Caso

FXS, 50 anos, sexo masculino, portador de cardiopatia isquêmica de fração de ejeção reduzida e fibrilação atrial (FA), com história de internação há 5 meses devido a descompensação da insuficiência cardíaca (IC). Recebeu alta para o domicílio com tratamento para IC e introdução de amiodarona para controle de frequência cardíaca. Evoluiu nos meses seguintes com dispneia progressiva até mMRV IV, ortopneia, tosse seca, sibilância e edema de membros inferiores. Radiografia de tórax evidenciava consolidaçoes bilaterais, simétricas, centrais, sugestivo de congestão pulmonar. Após otimização de medidas vasodilatadoras e introdução de diureticoterapia venosa houve redução significativa do edema periférico, perda diária objetivada de peso e desmame da oxigenioterapia suplementar. Entretanto, a despeito da melhora clínica, as alterações radiológicas mantiveram-se inalteradas. Optado por realização de tomografia computadorizada de tórax que sugeriu pneumopatia difusa com características de pneumonia em organização.
Retomando a história pregressa do paciente, percebeu-se a introdução recente da amiodarona condizente com a evolução clínica desfavorável que sucedeu o seu uso. Tendo em vista a hipótese de pneumonia organizante secundária ao uso da amiodarona, a droga foi imediatamente suspensa e iniciado corticoticoterapia de forma empírica. O paciente evoluiu com melhora clínica progressiva e a radiografia de tórax realizada uma semana após tais medidas já mostrava melhora relevante do padrão radiológico.

Conclusões/Considerações finais

A toxicidade pulmonar pela amiodarona deve ser lembrada como diagnóstico diferencial em pacientes que se apresentam com dispnéia e alterações pulmonares intersticiais. Tendo em vista que a maioria dos pacientes usuários de amiodarona apresentam outras causas possíveis para explicar a dispnéia, é de fundamental importância conhecer a toxicidade pulmonar como efeito adverso atribuível à essa droga para o diagnóstico precoce evitando potenciais dados irreversíveis.

Palavras-chave

Penumonia organizante; Amiodarona; dispneia

Área

Clínica Médica

Autores

Breno Alves Araujo, Carla Maria Fraga Faraco, Fernanda Araújo Gomes Martins, Tamires Ferreira Carneiro, Gabriela de Souza Bueno, Graziela Cançado Nascimento