15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Intoxicação Digitálica: das Pinturas de Van Gogh ao Pronto-atendimento

Introdução/Fundamentos

Glicosídeos digitálicos são utilizados na prática clínica sobretudo para manejo de pacientes com insuficiência cardíaca e algumas arritmias. Relatamos aqui, um paciente com intoxicação digitálica, seu quadro clínico, suas principais alterações eletrocardiográficas e laboratoriais a fim de atentar a comunidade médica sobre a possibilidade diagnóstica nos dias atuais bem como seu tratamento.

Objetivos

Relatar um quadro clínico de intoxicação digitálica com suspeição inicialmente realizada através das alterações sensoriais e gastrointestinais.

Caso

Paciente A.A.S., masculino, 59 anos. Procurou serviço de pronto atendimento por quadro de duração de um mês de náuseas não precedidas de vômitos, sensação de desconforto epigástrico com irradiação para cavidade oral associado com salivação aumentada e gosto ruim. Queixas associadas de fotofobia, turvação visual, vertigem, intolerância a cheiros e perda de apetite com relato de perda ponderal. Apresentava história de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, HAS, DM2, hipotireoidismo, asma, dislipidemia e obesidade. Histórico de acidente vascular encefálico isquêmico um mês e seis dias antes da data em questão previamente além de três episódios de infarto agudo do miocárdio, último no ano anterior, e adenocarcinoma colorretal há 9 anos com colostomia permanente. Como tratamento vinha em uso de beta-bloqueador, BRA, espironolactona, furosemida, sinvastatina, varfarina e digoxina (prescrita na dose de 0,125mg/dia) entretanto realizava a mesma na dose total de 0,25mg/dia. Suspeitado de intoxicação digitálica e portanto suspendido digoxina durante internamento e realizada observação e monitorização clínica cuidadosa. Realizado eletrocardiograma mostrando fibrilação atrial, isquemia subendocárdica de parede antero-lateral e alteração da repolarização ventricular inferior compatíveis com sinal de “pá de pedreiro” por ação digitálica. Dosagem de digoxinemia sérica de 4,1 ng/mL (valor de referência: 0,5-0,9 ng/mL). Após suspensão da digoxina, paciente apresentou melhora do quadro de náuseas e turvação visual. O paciente recebeu alta hospitalar no sexto dia de internamento, hemodinamicamente estável, sem queixas. Alta hospitalar com digoxina suspensa até reavaliação ambulatorial (uma vez que o paciente apresentava uma ICFEP).

Conclusões/Considerações finais

Descrevemos um caso de intoxicação digitálica suspeitada por sintomas clínicos. Deve o clínico conhecer tais quadros para melhor reconhecimento da intoxicação assim como reavaliar sua indicação de uso.

Palavras-chave

Insuficiência cardíaca, Digoxina, intolerância gastrointestinais.

Área

Clínica Médica

Autores

Giovanni Luis Breda, Gustavo Lenci Marques, Henrique Helson Herter Dalmolin, Gabriel Caetano Pereira, Lisiê Cristini Bicalho, Camila Roginski Guetter