Dados do Trabalho

Título

Dissecção traumática de aorta sem repercussões clínicas: a importância do mecanismo do trauma

Introdução/Fundamentos

As dissecções de aorta (DAs) são lesões progressivas da camada média do vaso que criam uma segunda luz, têm alta morbimortalidade e, nas de etiologia traumática, pela pobreza de sinais e sintomas típicos, a suspeição pela anamnese e achados radiológicos é o que estabelece a conduta determinante para o prognóstico.

Objetivos

​Revisar a importância do conhecimento sobre o mecanismo do trauma na admissão do paciente para direcionar a suspeita e investigação precoce de lesões que ainda não se manifestaram clinicamente.

Caso

Paciente masculino, 18 anos, vítima de colisão motocicleta-automóvel, de alta energia com desaceleração, admitido estável hemodinamicamente num serviço de emergência de um hospital referência de trauma em Curitiba. A queixa do paciente estava relacionada com uma fratura fêmur a esquerda, confirmada com radiografia. Demonstrava-se ainda uma fratura de asa de ilíaco, sem sinais de pelve instável. Radiografia simples de tórax não demonstrava sinais de alargamento de mediastino ou outros comemorativos. Optou-se pela realização de Pan-Tomografia Computadorizada pelo mecanismo de trauma, indicativo de grande transferência de energia, demonstradas pelas fraturas de fêmur e pelve. A tomografia evidenciou DA Grau 3 (formação de Pseudoaneurisma). Após tratamento cirúrgico da fratura de fêmur, o paciente foi encaminhado para leito de unidade de terapia intensiva (UTI) para rigoroso controle da PA e FC, objetivando não progredir a lesão da aorta. Foi realizado tratamento endovascular com colocação de endoprótese para correção da DA. Não houve complicações peri ou pós-operatória. O paciente recebeu alta hospitalar após correção definitiva do tratamento de fêmur e está atualmente em acompanhamento ambulatorial com as especialidades, sem demais queixas.

Conclusões/Considerações finais

O conhecimento das manifestações clínicas (sinais e sintomas) de lesões internas é fundamental, porém, pode ser insuficiente para o diagnóstico de determinadas patologias. O mecanismo do trauma é essencial para compreender e formar raciocínio clínico acerca das possibilidades diagnósticas, como evidenciado no caso. O diagnóstico precoce, controle da FC e PA e posterior tratamento endovascular são considerados essenciais para sucesso terapêutico nas dissecções traumáticas da aorta.

Palavras-chave

dissecção aguda de aorta; dissecção traumática de aorta torácica

Área

Clínica Médica