15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

PANICULITE MESENTÉRICA: UM RELATO DE CASO EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Introdução/Fundamentos

A Paniculite Mesentérica (PM) é uma desordem não-neoplásica, rara e idiopática, que ocorre de forma independente ou associada. Cursa com fibrose e retração tecidual que podem atingir o lúmen gastrointestinal e os vasos mesentéricos. Costuma ocorrer em pacientes do sexo masculino, na metade ou no final da vida adulta de forma assintomática ou com sintomas inespecíficos.

Objetivos

Relatar caso de paniculite mesentérica, importante e rara entidade clínica, com difícil diagnóstico.

Caso

Homem, 36 anos, admitido com quadro de febre de origem indeterminada (FOI), dor abdominal difusa, disúria há cerca de 13 dias e vômitos com raias de sangue. À admissão estava hemodinamicamente estável, com alívio das queixas. Os episódios já ocorriam há 15 anos. Revisão laboratorial mostrou enzimas hepáticas elevadas, além de pancitopenia; US abdominal mostrou fígado com fibrose periportal e esplenomegalia; TC de abdome e pelve revelou importante densificação do mesentério em topografia do mesogástrio, associada a múltiplos linfonodos de permeio. A febre persistiu, sendo readmitido com queixa de hipotensão, lombalgia e hiporexia. Nova revisão laboratorial afastou infecções por Hepatites, HIV, HTLV e T. Pallidum. Assim, indicou-se tratamento para PM com Prednisona.

Conclusões/Considerações finais

O paciente apresentou-se com quadro de FOI, o que pode estar relacionado a diversas entidades clínicas. São exemplos mais próximos do caso descrito a pancreatite e neoplasia, sendo o primeiro excluído por não se observar lesão pancreática. A neoplasia mais comum envolvendo o mesentério é o Linfoma não-Hodgkin (LNH), que tipicamente causa uma adenopatia maciça e, por sua vez, produz o “sinal do sanduíche”, além de uma densificação fina apenas do mesentério. Porém a linfadenopatia nos LNH é, em sua maioria, não dolorosa, e o fato do paciente apresentar sorologia negativa para HIV, HTLV e hepatites contribuíram para afastar o LNH como provável hipótese diagnóstica.
Após investigação que excluía os principais diagnósticos diferenciais, realizou-se diagnóstico presuntivo de PM, a partir do conjunto de evidências clínicas e do aspecto tomográfico típico da lesão.
Apesar de ser condição rara, a PM é um diagnóstico diferencial importante de afecções mesentéricas e seu diagnóstico depende da correta suspeição clínica e indicação de exames complementares. Dada a sua raridade, inespecificidade da sintomatologia e pouca literatura disponível, o caso representou um desafio diagnóstico, sendo importante seu relato para a Academia.

Palavras-chave

paniculite mesentérica, febre de origem indeterminada, dor abdominal.

Área

Clínica Médica

Instituições

Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil, Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Lucas Alexandre Santos Marzano, Alessandra Cristina Santos Marzano, Andre Veloso Souto Rocha