15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Estudo comparativo entre diabéticos e não diabéticos em dados clínicos e desfechos em unidade de tratamento intensivo

Fundamentação/Introdução

O diabetes mellitus (DM) cursa com estado de imunossupressão relativo, associado à maior tempo de hospitalização e à quadros mais graves. O descontrole glicêmico prévio e durante a internação é preditor de pior prognóstico. Em pessoas com DM internadas em unidades de terapia intensiva é frequente a presença de complicações crônicas, principalmente a doença renal crônica (DRC).

Objetivos

O objetivo do estudo foi comparar causas de internação, morbidade e desfechos entre pacientes diabéticos e não diabéticos em unidade de cuidados intensivos (UCI).

Delineamento e Métodos

Durante os anos de 2013 e 2017, foi realizado estudo observacional retrospectivo de 180 pacientes que estiveram internados em UCI de um serviço terciário. Levantamos os dados: idade, gênero, dias de hospitalização, motivo de internação, comorbidades prévias, número e tipo de exames, antibióticos utilizados, duração do tratamento, procedimentos invasivos, cirúrgicos e desfechos.

Resultados

Na amostra: 71 com DM. A idade média foi DM 60,9 anos x 51,8 não DM, a duração de internação foi similar entre os dois grupos (11,4 dias). A principal causa de internação nos dois grupos foi sepse (71,6%), seguida por insuficiência renal aguda (IRA) ou DRC agudizada (DM 53,5x28,4% não DM, p=0,0007), insuficiência respiratória aguda (DM 43,7x29,4% não DM, p=0,0492) e alteração do nível de consciência (19,4% similar nos dois grupos). Avaliando os desfechos, não houve diferença entre os dois grupos em relação à alta (38,4%), diferente da transferência para enfermaria (DM 28,6x43,9% não DM) e óbito (DM 32,9x17,8% não DM, p=0,03). Comparando diabéticos e não diabéticos, as comorbidades mais prevalentes foram hipertensão (78,9x38,5%, p<0,0001), insuficiência cardíaca (33,8x16,5%, p=0,0074) e DRC (57,5x22%, p<0,0001). Houve maior necessidade de hemodiálise (35,2x19,3%, p=0,01), uso de cateter de diálise (31x16,5%, p=0,02) e de antibióticos (ATB) de amplo espectro (40,8x22,9%, p=0,01). Hemoglobina glicada média (DM 8,2x5,6% não DM, p=0,0003).

Conclusões/Considerações finais

Encontramos associação de DM com DRC prévia, internação por alteração da função renal e necessidade de hemodiálise. A sepse apresentou-se como principal causa de internação na UCI em ambos os grupos, porém infecções graves com demanda de uso prolongado de ATB de amplo espectro e evolução à óbito foram mais frequentes entre DM. O DM apresentou-se como fator de risco significativo para os piores desfechos em UCI.

Palavras-chave

Diabetes mellitus, terapia intensiva, sepse, doença renal crônica, desfecho

Área

Clínica Médica

Autores

Mariana Tazima Fujiwara, Antonio Carlos Gomes de Barros Jr, Felipe Montevechi Luz, Daniel Franci, Maria Candida Ribeiro Parisi