15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: ENDOCARDITE E EMBOLIA PULMONAR CRÔNICA DECORRENTES DE INFECÇÃO DE CABO DO MARCA-PASSO EM TOPOGRAFIA NÃO USUAL

Introdução/Fundamentos

As infecções dos dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI) constituem 10% de todos os casos de endocardite e tem uma alta mortalidade associada. Seu diagnóstico é difícil e, com frequência, não é considerado.

Objetivos

Relatar um caso de quadro consumptivo a esclarecer, de causa incomum.

Caso

Paciente feminina de 80 anos, hipertensa, diabética, dislipidêmica, com marca-passo há 8 anos por arritmia cardíaca não especificada. Interna por quadro de tremores e sudorese noturna há 5 meses, sem febre, associado a emagrecimento de 40 kg. Na revisão de sistemas negava sintomas como tosse ou dispnéia, bem como sintomas urinários ou gastrointestinais. Na chegada apresentava perda de função renal, leucocitose com aumento de formas jovens e provas inflamatórias alteradas. Hemoculturas seriadas com crescimento de Staphylococcus epidermidis. Ecocardiograma transtorácico e transesofágico inicialmente não evidenciaram vegetações. Angiotomografia de tórax com sinais de tromboembolismo pulmonar (TEP) crônico, especialmente no lobo inferior direito e sinais de embolia aguda no lobo superior direito, além de cabo de marca passo redundante (looping) na via de saída do ventrículo direito, que impedia o fechamento adequado da válvula pulmonar, confirmado também por ecocardiograma subsequente. Paciente manteve febre durante a internação e apresentava, diariamente, tremores e sudorese noturna. Tuberculose e neoplasia foram afastados após adequada investigação. Diante da hipótese de endocardite e embolia séptica associada ao dispositivo cardíaco em topografia não usual, foi iniciado tratamento dirigido com Vancomicina e Rifampicina, além de anticoagulação com Enoxaparina. Optou-se por não intervir cirurgicamente devido as condições clínicas que contraindicavam a cirurgia cardíaca aberta e em respeito ao desejo externado pela paciente.A possibilidade de extração do dispositivo por procedimento endovascular foi descartada devido indisponibilidade desta terapia no Sistema Único de Saúde. A paciente completou antibioticoterapia endovenosa para endocardite, e recebeu alta hospitalar com plano de antibioticoterapia oral com Rifampicina e Sulfametoxazol+Trimetroprim por tempo indeterminado e anticoagulação oral com Rivaroxabana.

Conclusões/Considerações finais

Em paciente portador de dispositivos intracavitários, a possibilidade de infecção subaguda deve ser sempre considerada. Assim como, diante da associação de quadro consumptivo e TEP, a embolia séptica deve estar entre os diagnósticos diferenciais desses pacientes.

Palavras-chave

Endocardite; Marca-passo; Infecção; Tromboembolismo pulmonar

Área

Clínica Médica

Autores

Patricia Carvalho Jericó, Marina Anzolin, Julia Trombetta Santana, Carolina Rossato Ribas, Daniele Cristóvão Escouto