15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

RECIDIVA DE HANSENÍASE MULTIBACILAR E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Introdução/Fundamentos

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente os nervos periféricos e a pele, podendo ser classificada em paucibacilar e multibacilar. O tratamento recomendado para a forma multibacilar é a poliquimioterapia multibacilar (PQT/MB). A recidiva de hanseníase consiste no reaparecimento da doença, após tratamento regular com os esquemas vigentes e alta por cura. Na recidiva, as manifestações clínicas ocorrem em média 5 anos após o tratamento e podem ser cutâneas e/ou neurais. Nas manifestações cutâneas, pode ocorrer surgimento de novas lesões, aumento de lesões preexistentes, eritema e infiltração ou lesão ulcerada. Já nas manifestações neurais, espessamento de nervos, paresia ou paralisia muscular, novas áreas anestésicas ou exacerbação de alterações de sensibilidade em áreas previamente afetadas. O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é um distúrbio autoimune crônico, tratado através de terapia sistêmica com corticoides, antimaláricos, imunossupressores e agentes biológicos.

Objetivos

Relatar um caso clínico de recidiva de Hanseníase Multibacilar (HM) e LES.

Caso

A.K., sexo feminino, 27 anos, com histórico de HM tratada há 7 anos e há 2 anos abertura de quadro de LES com nefrite lúpica, FAN 1/1280 com padrão nuclear homogêneo e Anti-DNA nativo reagente. Em uso de hidroxicloroquina, micofenolato de mofetila, sinvastatina, enalapril, anlodipino e desogestrel. Há 2 meses refere dor em queimação e parestesia em membros superiores e inferiores. Ao exame físico, apresentava diminuição da sensibilidade em dorso de mãos, antebraços, pernas e dorso dos pés bilateralmente, além de espessamento de ambos os nervos ulnares. Iniciado tratamento com esquema PQT/MB e prednisona 40mg/dia por 7 dias. Após, evoluiu com redução gradual dos sintomas e baciloscopia negativa, porém, permaneceu com sequelas da doença: mão direita em garra, com extensão e abdução de 4º e 5º quirodáctilos prejudicada e diminuição de sensibilidade na parte medial do antebraço e da palma, e mão esquerda com diminuição da sensibilidade na região medial da palma.

Conclusões/Considerações finais

De acordo com a literatura, casos de recidiva de hanseníase são raros em pacientes tratados regularmente com PQT/MB. Porém, há fatores relacionados ao desenvolvimento da recidiva, como a resistência do bacilo, a imunossupressão, gravidez, formas virchowianas avançadas, a endemicidade do meio, o diagnóstico tardio, terapêutica inadequada ou irregular e erro de classificação.

Palavras-chave

hanseníase, lúpus eritematoso sistêmico, recidiva hanseníase multibacilar

Área

Clínica Médica

Autores

Giovanni do Valle Dias, Andressa Roldi Polinarski, Lorena Vaz Meleiro Lopes, Luiz Gustavo Fontana Dalssoto, Ana Paula Adame, Márcio Augusto Nogueira