15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Trombo infectado em átrio direito associado ao cateter de hemodiálise: relato de caso

Introdução/Fundamentos

Cateteres de longa permanência (CLP) são muito utilizados em pacientes dialíticos, enquanto aguardam confecção da fístula arteriovenosa (FAV), entretanto, seu uso prolongado propicia graves complicações infecciosas e mecânicas, decorrentes da ativação da cascata da coagulação.

Objetivos

Relatar resolução do trombo infectado em átrio direito (AD) após antibioticoterapia e anticoagulação.

Caso

RFO, 32 anos, masculino, dialítico por nefropatia devido anabolizantes e hipertensão arterial sistêmica, referia febre há 2 dias após 1 mês da implantação do CLP em veia subclávia direita (VSD). Durante a internação, realizado ecodoplercardiograma transtorácico (ETT) sem alterações e hemocultura revelou crescimento de Enterobacter aerogenes, foi prescrito ampicilina/sulbactam 12 g/dia por 21 dias, e após o término do antimicrobiano, recebeu alta hospitalar em boas condições clínicas, todavia, retornou após 14 dias com novo quadro febril, sendo iniciado empiricamente ampicilina/sulbactam 12 g/dia. Repetido ETT, que revelou trombo com cerca de 3,7 x 2,4 cm em AD, foi indicada anticoagulação com enoxaparina em dose plena e varfarina 5 mg/dia por 7 dias, mantendo-se a última droga durante 4 meses. Como houve crescimento de Klebsiella pneumoniae em hemocultura, substituído o esquema inicial por piperacilina/tazobactam 18 g/dia e vancomicina 2 g/dia durante 30 dias. Substituído CLP da VSD por CLP em veia jugular interna esquerda (VJIE); adicionalmente, a hemocultura seguinte mostrou a presença de Staphylococcus aureus; a cultura da ponta do cateter substituído mostrou a presença de Acinetobacter baumannii. Realizado ecodopplercardiograma transesofágico, cujo achado sugeriu trombo infectado no AD com 3 X 2,3 cm e imagem ecogênica na desembocadura da veia cava superior com o AD. Optou-se pela retirada do cateter da VJIE e implantação de novo CLP em veia femoral direita com confecção de FAV. Mediante uso de varfarina 5 mg/dia, os exames de controle com ETT mostraram progressiva redução do trombo em AD até a ausência dele dois meses após o início do tratamento.

Conclusões/Considerações finais

Portadores de CLP em vigência de febre representam um alarme potencialmente fatal, uma vez que são suscetíveis à evolução desfavorável caso não sejam investigados e manejados de forma otimizada. Nesse relato, a evolução corroborou a necessidade em realizar suspeitas clínicas pertinentes aos fatores de risco, de forma a minimizar prejuízos diagnósticos e atrasos terapêuticos.

Palavras-chave

Cateter de diálise; trombo; febre.

Área

Clínica Médica

Instituições

Instituto Policlin de Ensino e Pesquisa, São José dos Campos/SP - São Paulo - Brasil

Autores

Renato de Paula, Vivian Tamy Fujisawa, Andreza Chaguri Vellenich, Nicole Lopes Veneziani, Tatiane Caliman Jorge, João Manoel Theotônio dos Santos