Dados do Trabalho

Título

Recidiva da isquemia mesentérica aguda apesar da dupla antiagregação plaquetária após reperfusão por angioplastia: Relato de Caso

Introdução/Fundamentos

Isquemia mesentérica aguda reflete o início súbito da hipoperfusão do intestino delgado; é uma condição de alta mortalidade, podendo chegar a 80%. A oclusão tromboembólica da artéria mesentérica superior (AMS) representa a causa mais comum e mesmo na presença da circulação colateral desenvolvida, um período mais prolongado de isquemia propicia risco de necrose, acompanhada de translocação bacteriana e sepse. Adicionalmente, mesmo após a reperfusão tecidual, o risco de falência de órgãos permanece.

Objetivos

Relatar recidiva de isquemia mesentérica aguda apesar da dupla antiagregação plaquetária após angioplastia.

Caso

E.L.C, feminino, 86 anos referia dor em andar superior do abdome, em cólica, com piora há 2 dias, associada a vômitos não biliosos e distensão abdominal. Ao exame, sinais vitais normais, abdome difusamente doloroso à palpação e sopro cardíaco (portadora de estenose aórtica importante). Angiotomografia de abdome mostrou suboclusão da AMS, sendo submetida a angioplastia com sucesso, permanecendo internada em uso de antibioticoterapia, e dupla antiagregação plaquetária com ácido acetilsalicílico 100 mg/dia e clopidogrel 75 mg/dia; a dupla antiagregação plaquetária foi mantida após a alta hospitalar. Dois dias depois da alta, retornou com melena, dispneia intensa, descorada, pressão arterial 90/60 mmHg e hemoglobina 6 mg/dl. Após internação, apresentou piora hemodinâmica, sendo mantida sob ventilação mecânica e com drogas vasoativas. Evoluiu com hematoquezia, hematêmese e a esofagogastroduodenoscopia evidenciou alças jejunais com necrose. A laparotomia exploradora confirmou isquemia do jejuno proximal, íleo e cólon transverso, sendo realizada ileocolectomia direita ampliada até cólon transverso e enterectomia segmentar do delgado. No pós-operatório manteve a instabilidade hemodinâmica e evoluiu para óbito.

Conclusões/Considerações finais

Isquemia mesentérica aguda representa um significativo desafio na prática médica, visto que o quadro clínico inicial é peculiar e subvalorizado, logo, o atraso diagnóstico pode acarretar inúmeras descompensações cujas consequências podem ser irreversíveis, principalmente entre idosos. Neste relato apresentamos uma angioplastia realizada com sucesso primário, em paciente com comorbidades graves, que podem ter corroborado para uma evolução tardia inapropriada e fatal.

Palavras-chave

isquemia mesentérica aguda, antiagregação, terapia endovascular.

Área

Clínica Médica