15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

ANTICORPOS CONTRA O VÍRUS DA HEPATITE E (HEV) EM DOADORES DE SANGUE E RECIPIENTES DE TRANSPLANTE HEPÁTICO

Fundamentação/Introdução

O vírus da hepatite E (HEV) é um vírus mundialmente emergente e responsável por causar hepatite aguda. O HEV é um vírus não-envelopado (família Hepeviridae, gênero Hepevirus) constituído por genoma RNA de cadeia simples e senso positivo. Há pelo menos oito genótipos virais (1 a 8) com diferente epidemiologia e distribuição geográfica. Os genótipos 3 e 4 infectam humanos e suínos domésticos, sugerindo uma rota de transmissão zoonótica ou de origem alimentar. O genótipo 3 é mais prevalente no Brasil e até mesmo endêmico em algumas regiões. A infecção pelo HEV em humanos passa geralmente despercebida, exceto em mulheres grávidas e pacientes imunocomprometidos, com taxas de mortalidade de até 25%. Testes de detecção não são obrigatórios e, desta forma, o HEV tem sido erroneamente diagnosticado e negligenciado, representando uma ameaça considerável a indivíduos transplantados e receptores de sangue.

Objetivos

O objetivo deste estudo foi analisar amostras de doadores de sangue (n= 1800) e indivíduos com fígado transplantado (n=2) pela presença de anticorpos anti-HEV.

Delineamento e Métodos

As amostras (360 por ano) foram obtidas de Janeiro/2013 a Dezembro/2017 e analisadas por meio de um ELISA in house contendo uma forma recombinante da proteína do capsídeo viral.

Resultados

Em 61.1% (700/1800) das amostras provenientes de doadores de sangue a leitura da densidade óptica (OD) foi superior ao valor de cut-off limite estabelecido para a análise e foram consideradas positivas. Entre os indivíduos transplantados, 50% (1/2) também foram positivos.

Conclusões/Considerações finais

A prevalência de anticorpos anti-HEV em doadores de sangue encontrada aqui é superior àquela encontrada em nosso estudo anterior e em outras regiões do Brasil; aqui, pelo menos 30 amostras (1.7%) tiveram a relação S/P maior que 10, o que pode sugerir uma infecção recente. Até o momento, desconhecemos a possibilidade de indivíduos com anticorpos anti-HEV serem portadores do vírus e a necessidade de excluir estas amostras da doação. Devido à alta prevalência de infecção pelo HEV na nossa região, muitos indivíduos recentemente infectados podem ser encontrados entre os doadores de sangue e representar uma ameaça considerável aos receptores de sangue com algum grau de imunocomprometimento; e, nesses casos, testes de detecção para o RNA do HEV deveriam se tornar obrigatórios para prevenir a transmissão via doação de sangue e transplante de órgãos.

Palavras-chave

Hepatite viral, HEV, diagnóstico, doadores de sangue, transplantados.

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade de Passo Fundo - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Bárbara Diel Klein, Tatiane Aquino Torres, Renata Zorzetto, Igor Giacobbo, Luiz Carlos Kreutz, Rafael Frandoloso