15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Dengue, hipocalcemia e paratireóide – relato de caso

Introdução/Fundamentos

A dengue é uma arbovirose transmitida pelo Aedes aegypti, comum no Brasil, com quatro representantes virais e clinicamente classificada, pela severidade, em quatro grupos. A sintomatologia compreende febre alta, cefaleia, dor retrorbitária e exantema, contudo, a hipocalcemia é relatada e interroga-se sua correlação como parâmetro de gravidade.

Objetivos

Relatar um caso de dengue grave com repercussão de distúrbio paratireoideano subdiagnosticado.

Caso

Paciente masculino, 34 anos, previamente hígido, procurou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com febre (38,5ºC) há 6 dias, associada a mialgia, poliartralgia, que evoluiu com exantema maculopapular generalizado e pruriginoso. Segundo esposa, houve episódio de perda consciência por 2 minutos, com queda e trauma occipital, associado a manifestações motoras de membros superiores, desvio do olhar e desorientação por cerca de 30 minutos. Em UPA, exibiu ausência de febre, sorologia IgM e IgG positiva para dengue, grupo C. Com exame físico neurológico inalterado, realizou-se imagem de Tomografia Computadorizada (TC) que não evidenciou lesões estruturais e optou-se pela transferência ao serviço especializado para investigação. Apresentou dor abdominal à palpação superficial e profunda, sem sinais de irritação peritoneal e houve evolução de espasmos tetânicos de grandes grupos musculares com desorientação e amnésia lacunar por dois dias consecutivos. Os exames laboratoriais apontaram hipocalcemia sérica (Ca total: e 6,6 mg/dL) associada a alto nível de paratormônio (PTH: 119,7 pg/mL). Realizada reposição com glucoronato e carbonato de cálcio, obteve-se a normalização dos níveis séricos total e ionizado (tCat 9,6 mg/dL e iCa 1,07 mmol/L respectivamente) após 7 dias de tratamento com remissão das queixas clínicas. Foi prescrito, na alta hospitalar, carbonato de cálcio e calcitriol, mantido acompanhamento ambulatorial. Após um mês, foram mantidos os limites mínimos de Ca em alto nível de PTH (tCa 8,4 mg/dL; iCa 1,06 mmol/dL; PTH 128,4 pg/mL).

Conclusões/Considerações finais

O quadro clínico-laboratorial apresenta um caso de distúrbio de paratireóide com espasmos tetânicos como primeira manifestação clínica durante curso infeccioso de dengue complicada. A hipocalcemia durante a infecção, proposta por vários mecanismos documentados na literatura, principalmente em casos graves, associada aos altos níveis de PTH no caso supracitado, serviu como gatilho para o diagnóstico de pseudo-hipoparatireoidismo após 34 anos.

Palavras-chave

Dengue; Cálcio; Paratireóide; Hipocalcemia; Pseudo-hipoparatireoidismo; Tetania.

Área

Clínica Médica

Autores

Iury Venâncio Pinheiro, Heitor Contato Poliseli, Viviane dos Reis Vieira Yance, Ricardo do Carmo Filho