15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Tuberculose miliar, um desafio diagnóstico: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A tuberculose (TB) miliar resulta da disseminação hematogênica do Mycobacterium tuberculosis, por progressão de infecção primária ou reativação de infecção latente. Os principais fatores de risco são comorbidades associadas à imunossupressão. Pode cursar sem manifestações pulmonares e evoluir rapidamente com falência múltipla de órgãos e óbito.

Objetivos

O objetivo deste relato é enfatizar a necessidade de ter sempre a suspeição de infecção pelo bacilo, mesmo quando não há evidências claras, dada à alta mortalidade e possibilidade de tratamento.

Caso

Paciente feminina, 72 anos, tabagista, em investigação de lombalgia mecânica e redução de força em musculatura proximal dos membros inferiores há um mês, associada a emagrecimento, sem febre. Tinha diagnóstico de DM controlado e câncer de mama bilateral tratado. Exames iniciais revelaram anemia, plaquetopenia, disfunção renal e hipercalcemia. Iniciada investigação para metástases do carcinoma de mama e mieloma múltiplo. Os exames de imagem de tórax e ressonância magnética de coluna total foram normais, assim como sorologias. Evoluiu com piora progressiva e elevação de enzimas canaliculares. No 4º dia apresentou piora neurológica, com exame do líquor e tomografia de crânio normais. No 6º dia, apresentou insuficiência respiratória aguda, pneumonia e choque, sem resposta à terapêutica, evoluindo a óbito. A necropsia demonstrou tuberculose disseminada, caracterizada por inflamação granulomatosa crônica e presença de células gigantes e focos de necrose caseosa em pulmões, fígado, baço, pâncreas, rins, glândulas adrenais, medula óssea e útero. A presença de M. tuberculosis foi confirmada pela coloração de Ziehl-Neelsen. No caso em questão, tanto o DM quanto a neoplasia estavam controlados, não foram considerados como fatores de imunossupressão e não houve evidências da infecção que possibilitasse a pesquisa do bacilo.

Conclusões/Considerações finais

Devido à ausência de dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e radiológicos evidentes que indiquem a infecção pela M. tuberculosis, o diagnóstico da TB disseminada é frequentemente tardio, em alguns casos somente após necropsia, como no caso atual. Como o Brasil é país com alta prevalência de TB, a infecção deve ser diagnóstico diferencial obrigatório na investigação de síndrome consumptiva, febre sem etiologia e quadros clínicos incomuns; indicando rastreio principalmente em populações de risco e com algum grau de imunossupressão, a fim de reduzir mortalidade por uma doença com tratamento disponível.

Palavras-chave

Tuberculose miliar, tuberculose disseminada, hipercalcemia, necrópsia

Área

Clínica Médica

Autores

Mariana Tazima Fujiwara, Maria Julia Colossi, Katariny Parreira de Oliveira Alves, Cristina Alba Lalli, Arthur Gomes Oliveira Braga