Dados do Trabalho

Título

Esofagite Eosinofílica por amendoim associada à anafilaxia ao peixe: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A esofagite eosinofílica é uma doença crônica de foro imune que afeta mais homens e relaciona-se à atopia, com prevalência de 1,7/100 mil pessoas. Destas, 2/3 possuem sensibilização a alimentos em testes cutâneos. Já a alergia ao peixe, também pouco frequente, ocorre em 0,7% da população geral, o que demonstra a raridade em apresentar as 2 condições simultaneamente, ambas com prick test positivo e clínica exuberante.

Objetivos

Descrever caso de um paciente apresentando concomitantemente anafilaxia ao peixe e esofagite eosinofílica por amendoim, ambas doenças raras, com piora potencial de qualidade de vida, mas com tratamento disponível e possibilidade de controle, se houver suspeição durante a entrevista clínica.

Caso

JF, 26 anos, masculino, filho de produtor de amendoim, há 10 anos com disfagia para sólidos, sensação de parada de progressão de alimentos, ida anterior à emergência por carne impactada no esôfago. Quando questionado, também refere que desde criança apresenta prurido quando mãe frita peixe e, há 3 anos, ao ingerir carne de peixe, evoluiu com dispneia e hiperemia cutânea. Há 1 ano, teve angioedema labial e queimação oral após comer peixe. Tem rinite alérgica controlada. Endoscopia digestiva alta (EDA) mostrou estenose subesofágica e anéis em terço médio/distal do esôfago. Anatomopatológico do esôfago com 65 eosinófilos/CGA e microabscessos eosinofílicos. Hemograma com 5% de eosinófilos, IgE 695, IgE grupo peixe 0,74. Prick test de carne de peixe 12,5 mm; amendoim 7 mm; milho 4 mm. Orientada dieta excluindo milho, amendoim e peixe, uso de pantoprazol e fluticasona. Em seguimento há 2 anos, com melhora da disfagia e da EDA, porém ainda com escapes eventuais da dieta.

Conclusões/Considerações finais

o paciente do caso relatado consultou-se por disfagia; porém, na anamnese, observou-se anafilaxia ao peixe, doença mais grave, de risco à vida, o que demonstra: 1) necessidade de anamnese detalhada, obtendo informações para diagnóstico correto; 2) que a percepção pessoal do paciente sobre sua saúde e gravidade nem sempre corresponde à análise médica; 3) importância de esclarecer tratamentos (riscos e benefícios) para maior adesão; 4) diagnósticos raros não devem ser excluídos das hipóteses de um caso. Tanto esofagite eosinofílica quanto anafilaxia são formas de sensibilização alimentar e a otimização do manejo depende da suspeição clínica e da isenção de alérgenos da dieta, ainda que a adaptação inicial seja difícil para o paciente.

Palavras-chave

esofagite eosinofílica; amendoim; anafilaxia; peixe; prick test

Área

Clínica Médica