15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Hérnia paraesofágica: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A cavitação no lobo inferior com nível hidroaéreo sugere fortemente abscesso pulmonar, mais ainda após uma aparente aspiração de material gástrico. No entanto, um quadro clínico e laboratorial de infecção deve estar presente, com tosse, hálito fétido ou pútrido, febre, leucocitose e proteína C reativa elevada.

Objetivos

A importância dos diagnósticos diferenciais na clínica médica.

Caso

Paciente, sexo feminino, 39 anos, procura assistência médica com tosse improdutiva, dispneia e dor pleurítica há seis semanas, iniciados abruptamente durante uma endoscopia digestiva alta. Antecedente de neoplasia de mama tratado com cirurgia e quimioterapia, ainda em seguimento. Exame físico: bom estado geral, afebril, com murmúrio vesicular reduzido na base do hemitórax esquerdo (HE). Hemograma sem leucocitose, PCR normal. Radiografia do tórax mostrando opacidade na base do HE, com nível hidroaéreo. Devido ao antecedente de neoplasia, foi submetida a PET-CT, que evidenciou cavidade com nível hidroaéreo no lobo inferior esquerdo, e consolidação com baixa captação de glicose. As imagens sugeriram o diagnóstico de abscesso pulmonar. Recebeu piperacilina e tazobactam, por três semanas, com alguma melhora dos sintomas. Teve alta com amoxicilina clavulanato por mais 14 dias. No entanto, manteve a dor torácica, irradiada para o ombro esquerdo, e tosse, sem febre. Nova radiografia mostrou aumento do diâmetro da cavidade intratorácica, com paredes mais finas e ainda com nível hidroaéreo. Nova TC, realizada mostrou tratar-se de hérnia diafragmática. A paciente foi submetida a rafia diafragmática, com evolução favorável.

Conclusões/Considerações finais

A hérnia paraesofágica (HPE) é uma condição incomum, que pode ocasionar complicações graves, como volvo gástrico, obstrução, perfuração ou mediastinite. O primeiro caso de HPE pós endoscopia digestiva foi descrito em 1989. O mecanismo parece ser o aumento da pressão abdominal por insuflação de ar intraluminal, causando a ruptura das estruturas diafragmáticas e herniação gástrica, mais comumente para o hemitórax esquerdo. Dor torácica, tosse improdutiva e dispneia imediatamente ou poucas horas após o exame endoscópico são a apresentação mais comum. O achado radiológico evidencia opacidade para ou retrocardíaca com nível hidroaéreo, achados facilmente confundidos com abscesso pulmonar. O início imediato dos sintomas e a ausência de achados infecciosos, no entanto, deve alertar para a possibilidade de outros diagnósticos, incluindo a HPE.

Palavras-chave

Hérnia paraesofágica. Abscesso pulmonar. Diagnósticos diferenciais.

Área

Clínica Médica

Autores

Agostinho Hermes de Medeiros Neto, Gabriela Nishida Leal, Gabriel Rodrigues de Assis Ferreira, Jaciara Quércia Pereira Miranda, Roberto Magalhães Nunes Júnior