Dados do Trabalho

Título

Infarto Agudo do Miocárdio na Ausência de Doença Coronariana Obstrutiva (MINOCA)

Introdução/Fundamentos

MINOCA (Myocardial Infarction and Nonobstrutive Coronary Arteries) engloba os conceitos universais de infarto em ausência de doença coronariana obstrutiva (<50%), embora MINOCA possa apresentar-se com ou sem elevação do segmento ST ao eletrocardiograma, os pacientes são menos propensos a apresentar elevações significativas de troponina comparados àqueles com infarto com supra de ST por oclusão coronariana obstrutiva (IAM-DAC). A importância em seu reconhecimento e busca etiológica reside na escolha do tratamento e definição prognóstica.

Objetivos

Relatar uma condição clínica atípica de infarto sem obstrução arterial coronariana em paciente com elevação enzimática e eletrocardiograma normal.

Caso

L.M., feminina, 60 anos, encaminhada da Unidade Básica de Saúde, apresentando dor torácica retroesternal em aperto com irradiação para membro superior direito há quatro dias. Exame físico cardiovascular com ritmo cardíaco regular sem sopros ou bulhas acessórias, pulsos amplos e simétricos e estável hemodinamicante sem sinais de disfunção ventricular esquerda. Eletrocardiograma de chegada sem alterações isquêmicas. Enzimas: CPK-mb 35,67 ng/ml (ref. 5 ng/ml) e Troponina T ultra-sensível 910 pg/ml (ref 14. Pg/ml). Encaminhada à estratificação invasiva através de cineangiocoronariografia que revelou coronárias sem lesões obstrutivas com fluxo preservado e sem alterações da contratilidade ventricular esquerda avaliada através da ventriculografia.

Conclusões/Considerações finais

Infarto do miocárdio na ausência de doença arterial coronariana obstrutiva é encontrado em cerca de 5% dos pacientes encaminhados para coronariografia. O diagnóstico clínico necessita exclusão de outras possíveis causas para a elevação da troponina (espasmo ou dissecção coronariana, Taktusubo, embolia pulmonar, miocardite por ex.). Estudos demonstram melhor evolução dos pacientes com MINOCA em comparação aos pacientes com IAM-DAC, contudo, esses achados não são consistentes. No estudo VIRGO (Variation in Recovery: Role of Gender on Outcomes of Young AMI Patients) pacientes com MINOCA apresentavam similar mortalidade comparáveis aos pacientes com IAM-DAC e o Registro Coreano de Infarto mostrou risco aumentado de angina recorrente em 1 ano comparados à população geral sem doença cardiovascular. Entretanto, ainda carece de estudos randomizados para estabelecer qual a melhor conduta terapêutica em curto e longo prazo, com objetivo de reduzir reinfarto, angina recorrente e mortalidade cardiovascular.

Palavras-chave

Sindrome coronariana aguda; Diagnóstico diferencial; Cardiologia

Área

Clínica Médica