15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE CORPOS DE LEWY E O USO DE ANTIPSICÓTICOS: UM RELATO DE CASO.

Introdução/Fundamentos

A demência com corpos de Lewy (DCL) é a segunda demência neurodegenerativa mais comum, após a doença de Alzheimer, fazendo parte das sinucleinopatias. Caracterizada por demência, alucinações visuais, flutuações cognitivas, parkinsonismo, transtorno do sono e sensibilidade aos antipsicóticos. Devido a sobreposição com outras demências, ela é frequentemente subdiagnosticada. O diagnóstico é clínico, amparado por biomarcadores de medicina nuclear e neurofisiológicos.

Objetivos

Descrever o caso de um paciente com DCL

Caso

Mulher, 80 anos, escolaridade 4 anos, procurou atendimento neurológico, devido a confabulações, ideias de perseguição e alucinações visuais complexas há 10 anos, iniciando, em virtude a isso, tratamento psiquiátrico com pimozida, surgindo após sintomas de rigidez e dificuldade de marcha progressiva. A referida medicação foi suspensa e iniciada levodopa, com melhora motora parcial. No último ano, apresentou piora rigidez, com acréscimo de amantadina e pramipexol. Após a inclusão desses, apresentou piora dos sintomas psicóticos e das alucinações visuais. Novamente antipsicóticos, com controle da psicose, mas piora da rigidez. À avaliação neurológica inicial, utilizava haloperidol, clonazepam, clorpromazina, amantadina, pramipexol, fluoxetina, levodopa+benzerazisa e propranolol+hidroclorotiazida. O exame neurológico apresentava parkinsonismo bilateral, com predomínio rígido-acinético e instabilidade postural. O exame do mini-estado do exame mental foi 18/30. Exames complementares: ressonância magnética do encéfalo (2019), atrofia encefálica difusa, sem atrofia hipocampal marcada; cintilografia de perfusão cerebral com TRODAT com diminuição do DAT estriatal bilateral e exames laboratoriais sem particularidades. Diante do quadro, deu-se início a ajuste medicamentoso: a dose de levodopa foi aumentada, e as de amantadina, clorpromazina e clonazepam progressivamente reduzidas, com melhora cognitiva e das alucinações. O diagnóstico de demência com corpos de Lewy foi aventado, e posteriores ajustes medicamentosos foram realizados, com desmame do haloperidol e iniciada donepezila.

Conclusões/Considerações finais

A DCL é uma doença complexa em que a polifarmácia, principalmente relacionada aos antipsicóticos pode acarretar em efeitos deletérios ao paciente. É muito importante reconhece-la, por ser uma causa frequente de demência associada a parkinsonismo. Mais estudos são essenciais para uma melhor compreensão, distinção e divulgação da doença.

Palavras-chave

Demência. Corpos de Lewy. α-sinucleína.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Ernesto Dornelles - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade do Vale do Taquari- Univates - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Jaqueline Schnorr, Carolina da Silva Stumpf, Cláudia Zanatta, André Luiz Rodrigues Palmeira