15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

A ESQUISTOSSOMOSE COMO CAUSADORA DE GLOMERULOPATIAS:

Fundamentação/Introdução

A esquistossomose é uma moléstia parasitária causada por microorganismos do gênero Schistosoma, é endêmica em áreas tropicais e semelhante à outras doenças helmínticas, pode produzir um amplo espectro de glomerulopatias. Todavia, apesar do conhecimento acerca dessa relação, a doença renal associada à esquistossomose não é frequentemente descrita na literatura.

Objetivos

Esse trabalho visa correlacionar glomerulopatia e esquistossomose, apontando as principais manifestações dessa associação.

Delineamento e Métodos

Foi realizada revisão de literatura em bases nacionais e internacionais sobre o tema.

Resultados

A glomerulopatia esquistossomótica (GE) foi considerada uma entidade clinicopatológica a partir da década de 1960, após uma série de publicações, principalmente de pesquisadores brasileiros. Evidências apontam que a deposição do complexo imune é o mecanismo cardinal envolvido na GE e que a deposição do complexo imune pode ser intensificada pela hipertensão portal. Além disso, foi descrita a presença de antígenos de Schistosoma em depósitos glomerulares e detecção de imunocomplexos circulantes contendo tais antígenos.
A GE ocorre, mais frequentemente, em pacientes jovens, do sexo masculino, com hepatoesplenomegalia; e a glomerulopatia, inicialmente, pode ser assintomática ou manifestar-se apenas por hipocomplementemia, mas muitos pacientes podem apresentar síndrome nefrítica e proteinúria não nefrótica. Já a insuficiência renal desenvolve-se em uma pequena parte de casos. Uma classificação para a glomerulopatia esquistossomótica foi proposta em cinco categorias, com base nos achados histopatológicos: Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial, Glomerulonefrite Membranoproliferativa (GNMP), Glomeruloesclerose Segmentar e Focal (GESF), Glomerulonefrite Exsudativa e Amiloidose. A GESF foi considerada uma das glomerulopatias mais frequentes, com uma prevalência variando de 11,2 a 38%, ficando atrás apenas da GNMP. Lamentavelmente, alguns estudos mostram que, não raro, as lesões renais são irreversíveis, pois muitos casos apresentam diagnóstico tardio. Entretanto, o tratamento antiparasitário específico pode alterar o desenvolvimento ou a progressão da doença renal quando instituído nas fases iniciais.

Conclusões/Considerações finais

Diante da clara associação entre ambas as patologias, torna-se imprescindível a suspeição e detecção precoces da glomerulopatia em pacientes com histórico de esquistossomose a fim de evitar a progressão da lesão renal para estágios irreparáveis.

Palavras-chave

Glomerulopathy; schistosomiasis.

Área

Clínica Médica

Autores

Maria Cecília Carmo Ferraz, Maxuell Nunes Pereira