15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Infecção por Shewanella algae na costa sul do Brasil: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

Shewanella spp. são bacilos gram-negativos saprófitos, especialmente encontrados na microflora marinha em climas quentes. Até hoje, duas espécies foram isoladas a partir de espécimes clínicos: S. putrefaciens e S. algae. Raramente são patogênicos, entretanto, cada vez mais infecções causadas por essa bactéria têm sido relatadas. Pacientes imunodeprimidos são mais suscetíveis, apesar de mais recentemente haver relatos em pacientes imunocompetentes. Shewanella spp é mais um microrganismo patogênico que deve ser lembrado como agente etiológico causador de infecções em pacientes expostos ao ambiente marítimo.

Objetivos

Relatar um caso raro de infecção por Shewanella algae.

Caso

Paciente masculino, 66 anos, retornou de sua viagem à costa sul do Brasil e foi hospitalizado por mal-estar, náusea, febre, calafrios, mialgia e dor no membro inferior esquerdo. Como histórico prévio, foi submetido a transplante pelo qual faz uso regular de imunossupressores. Ao exame, regular estado geral, febril, taquicárdico e hipotenso. Na região posterior da perna esquerda apresentava lesão de 5cm de diâmetro e 0,5 cm de profundidade com fundo eritematoso e drenagem com secreção purulenta, além de hiperemia perilesional de aproximadamente 15 cm de diâmetro. A partir disso, foram coletados 2 amostras de hemoculturas em acesso periférico. Análise laboratorial revelou leucócitos 13900 mm3/dl, 15% bastonetes, hemoglobina de 14,0 g/dl, contagem de plaquetas 167000 mm3/dl, proteína C-reativa de 13,5 mg/dl e velocidade de sedimentação de eritrócitos de 37 mm. O paciente recebeu terapia antimicrobiana empírica com sulbactam-ampicilina intravenoso. No terceiro dia de admissão e início da terapia, as duas hemoculturas evidenciaram o isolamento de bacilo gram negativo, confirmando na sequência Shewanella algae. No transcorrer do tratamento houve melhora clínica e do aspecto da lesão na perna do paciente. A proteína C-reativa, assim como a contagem de leucócitos retornaram aos valores normais. O paciente foi liberado no décimo dia, ainda em tratamento com ampicilina+sulbactam, que foi retirada completamente quando completou 14 dias de tratamento.

Conclusões/Considerações finais

O relato descrito atenta para um número crescente de casos infecciosos por Shewanella algae, indicando um potencial patógeno emergente, importante na investigação etiológica de infecções após exposição à ambiente marítimo, especialmente em imunossuprimidos.

Palavras-chave

Shewanella algae, infecção, ambiente marítimo

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Franciscana (UFN) - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Dara Christy Werle Mentges, Jonas Severino Costella, Manuela Nunes Riesgo, Leandro Pergher Bolzan, Thiego Teixeira Cavalheiro