15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Rabdomiólise como manifestação de Acidose Tubular Renal Tipo I em puérpera

Introdução/Fundamentos

Acidose tubular renal tipo I (ATR I) caracteriza-se por defeito na acidificação distal da urina e cursa com hipocalemia, que é relatada como etiologia para rabdomiólise. A associação entre ATR I e rabdomiólise é rara, porém mais comumente descrita em gestantes.

Objetivos

Descrever caso de ATR I manifestando-se com rabdomiólise.

Caso

Feminina, 25 anos, puérpera há 3 meses, apresentou lipotímia há 2 dias, associada a episódio diarreico. Evoluiu com perda de força muscular inicialmente em coxas, posteriormente em tronco e braços. À admissão, espasmos musculares e sensação de paralisia generalizada. Negou infecção recente ou uso de medicação. Em exames iniciais, gasometria arterial evidenciou pH 7,27, pCO2 22 mmHg, HCO3 10,2 mEq/L, base excess -14,4 mEq/L, K+ 2,5 mEq/L, cloretos 124 mEq/L e CPK 1.198 U/L. Sorologias e urocultura negativas. Iniciada reposição intravenosa de KCl e solicitada avaliação neurológica por suspeita de polineurorradiculopatia aguda proximal. Frente à acidose metabólica hiperclorêmica, hipocalemia persistente e CPK em elevação, procedeu-se investigação de causas secundárias. Conforme bioquímica urinária: pH 6,0, proteinúria 2,135 g/24h, Na+ 83 mEq/L, K+ 45 mEq/L, cloretos 69 mEql/L, ânion gap urinário (AGU) 59 mEq/L. ATR I caracteriza-se por pH urinário acima de 5,5 a despeito de acidose metabólica. Excreção reduzida de NH4 e cloreto urinários justificam AGU positivo, usualmente entre 20 e 90 mEq/L. As principais causas de ATR I em adultos são doenças autoimunes, como Síndrome de Sjögren e Artrite Reumatoide, bem como hipercalciúria. Solicitado fator antinuclear, título 1:80 com padrão nuclear pontilhado fino denso. Níveis séricos e urinários de cálcio normais em amostras isoladas. Hipovitaminose D (17,40 ng/mL) e hiperecogenicidade de cálices renais bilaterais à ultrassonografia, inferindo nefrocalcinose. Ao 4º dia de internação, notável recuperação de força, apesar de CPK em elevação (3.967 U/L). Manteve reposições de KCl, bem como bicarbonato e citrato. Atingida estabilidade dos níveis de K+ e melhora da rabdomiólise (CPK 873 U/L), recebeu alta após 8 dias orientada a continuar reposições orais. Investigação ambulatorial posterior não identificou etiologia subjacente.

Conclusões/Considerações finais

Há relatos sugerindo associação entre o estado gravídico e rabdomiólise devido a ATR I. Espera-se que ulteriores estudos sejam conduzidos a fim de elucidar possível relação entre estado puerperal e esta condição clínica.

Palavras-chave

Acidose tubular renal tipo I; Acidose tubular renal distal; Rabdomiólise; Hipocalemia.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil, Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

Maria Eduarda Minatti, Marcelo Moser Fiamoncini