15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Pode NÃO ser sepse? Como o raciocínio clínico evita uso inadequado de antibióticos e nos ajuda em diagnósticos menos intuitivos.

Introdução/Fundamentos

Em uma era de grande visibilidade do combate à sepse, o raciocínio clínico se torna fundamental para discernir o que de fato é um evento infeccioso do que não é, e assim evitar uso inadequado de antibióticos.

Objetivos

Expor um caso intrigante que simulou sepse em paciente grave imunossuprimida.

Caso

Paciente feminina,20 anos, previamente hígida, veio com história de 4 meses de evolução de artralgia inflamatória em pequenas articulações,astenia, alopecia difusa e emagrecimento de aproximadamente 9 quilos em 2 meses.Seu estado geral era regular,com taquipneia e taquicardia.Os exames laboratoriais indicavam anemia hemolítica,trombocitopenia, lesão renal aguda com proteinúria de 1.1 g/dL,anti-DNA positivo e hipocomplementeinemia.Na radiografia de tórax havia sinais de derrames pericárdico e pleural.O diagnóstico,foi de lúpus eritematoso sistêmico grave, com acometimentos articular, hematológico, renal, e com serosite.O tratamento optado foi de pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia por 3 dias,seguida de prednisona 1mg/kg/d.Dois dias após, evoluiu com tosse seca, taquicardia em repouso (120 bpm) e taquipnéia,sem febre.O hemograma evidenciou neutrofilia de 18.820/mm³ com marcado desvio escalonado à esquerda, e a PCR-t estava em plateau de 49 mg/L.Pensando-se em evento infeccioso pós-imunossupressão,foi conduzido rastreio infeccioso, sendo colhidos dois pares de hemoculturas e urocultura.A tomografia de tórax não mostrou infiltrados novos, a urina 1 não evidenciou piúria ou nitritos, e as culturas resultaram negativas.Ainda, a paciente não apresentava lesões de pele, mucosas, diarreia ou quaisquer sinais que pudessem sugerir foco infeccioso.Foi então iniciado esquema antibiótico com cefepime e vancomicina.Após 3 dias, a taquicardia não só se manteve, como agora havia sinais insuficiência ventricular esquerda.Diante disso,a equipe se perguntou: Poderiam todos os sinais e sintomas serem explicados somente pelo lúpus grave, agora com acometimento cardiovascular novo? Diante da ausência de foco infeccioso evidente,os antibióticos foram suspensos e a paciente foi submetida a novo pulso com metilprednisolona,e duas semanas após, à infusão de imunoglobulina.Evoluiu com melhora dos sintomas ao final de 3 semanas, recebendo alta da UTI em bom estado geral.

Conclusões/Considerações finais

Respaldada pela ausência de substrato clínico e microbiológico de infecção, e conhecendo as diversas manifestações possíveis do lúpus, a equipe pôde conduzir a paciente ao tratamento adequado sem o uso indiscriminado de antibióticos.

Palavras-chave

Sepse, Lúpus eritematoso sistêmico

Área

Clínica Médica

Autores

Luiza Lapolla, William George Giusti Fischer, Mauro Henrique Nascimento, Anthony Medina