Dados do Trabalho
Título
O PAPEL DO EMERGENCISTA NO TRATAMENTO DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO EM UM HOSPITAL SECUNDÁRIO BRASILEIRO
Introdução/Fundamentos
O acidente vascular cerebral (AVC) configura-se como uma doença altamente incidente, incapacitante e letal, sendo que os isquêmicos representam cerca de 80% dos casos, e no Brasil, não é incomum que o paciente chegue em uma janela de tempo que inviabilize a terapia trombolítica e em serviço que não possui neurocirurgião na equipe. A maioria dos pacientes com AVC isquêmico não recebe tratamento específico e, sem a reperfusão, a incapacidade funcional perpetua-se.
Objetivos
Apresentar um caso de AVC isquêmico e destacar a importância de que, além dos neurocirurgiões e neurologistas, outros médicos como clínicos, emergencistas e intensivistas estejam capacitados para a realização de trombólise química o mais precoce possível, reduzindo as possíveis sequelas decorrentes do evento.
Caso
Paciente do sexo feminino, 62 anos, apresentou síncope em seu domicílio. Dá entrada pela sala de emergência em um hospital geral, cerca de 30 minutos após, com quadro de disartria, desvio de comissura labial à direita, hemiplegia e hemidesatenção à esquerda, resultando em 14 pontos na escala NIH. Previamente portadora de hipertensão, insuficiência cardíaca, estenose carotídea e acidente isquêmico transitório prévio. Paciente foi imediatamente levada à tomografia de crânio, cujas imagens não revelaram hemorragia intracraniana. Discutidas opções terapêuticas com os familiares, que optaram pela trombólise química. Após 19 minutos da admissão da paciente no hospital, foi dado início à infusão de alteplase. Pontuação na escala NIH era de 10 pontos após o término da administração, e de 5 pontos (paresia facial parcial, diminuição de força em membro superior esquerdo e disartria leve) 24 horas após. Tomografia de controle e angiorressonância não evidenciaram transformação hemorrágica, e a paciente recebeu alta hospitalar após 4 dias de internação.
Conclusões/Considerações finais
O presente relato descreve um caso de AVC isquêmico que recebeu trombólise química, com tempo porta-agulha de 19 minutos, administrada por médico emergencista, culminando em reversão parcial do déficit, e devolvendo a capacidade funcional à paciente, com redução do tempo de internação hospitalar. Devido às dimensões continentais do Brasil, e a indisponibilidade de neurologistas e neurocirurgiões em diversas cidades, seria interessante considerar o emprego da trombólise química por outros médicos, como os emergencistas e intensivistas, aumentando assim o espectro da população a ser beneficiada, e diminuindo o tempo para administração do tratamento específico.
Palavras-chave
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, TERAPIA TROMBOLÍTICA, MEDICINA CLÍNICA, MEDICINA DE EMERGÊNCIA
Área
Clínica Médica
Instituições
Hospital Santa Marcelina do Itaim Paulista - São Paulo - Brasil, Universidade de Mogi das Cruzes - São Paulo - Brasil, Universidade Nove de Julho - São Paulo - Brasil
Autores
Fabio Aparecido Hutter, Aline Rodrigues Hutter, Alexandre Bueno Merlini, Renan Henrique Aparecido Camilo Merlini, Leonardo Salin Ide Manna, Mariana Moura