15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: Malacoplaquia vesical

Introdução/Fundamentos

A malacoplaquia é uma doença granulomatosa crônica benigna e rara, que pode ter um comportamento agressivo e recidivante. Acomete o aparelho urinário em 70% dos casos.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é apresentar relato de uma paciente com diagnóstico de Malacoplaquia vesical.

Caso

Paciente feminina de 42 anos com quadro de infecções do trato urinário (ITU) de repetição (2 a 3 ao ano) de início há 5 anos, observando piora dos sintomas no último anos. Teve quadro de infecção persistente sem melhora com o tratamento medicamentoso. Antecedentes: há 4 anos tem diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) sintomático com polineuropatia, cefaleia, dor em pés e confusão mental. Filho também tem diagnóstico de LES. Há 2 anos teve internação hospitalar com 8 dias de UTI devido a pneumonia. Há 5 meses iniciou queixa de alteração do trânsito intestinal, variações constantes entre diarreia e constipação. Faz uso contínuo de: imunossupressores (Prednisona 20mgdia, Azatioprina 50mg 3x/dia). Foi submetida a cistoscopia para avaliação da ITU persistente com achado de múltiplas lesões arredondadas de 5mm, bem delimitadas, de coloração amarelada, em todas as paredes da bexiga. Foi submetida a biópsia com diagnóstico anatomopatológico de Malacopláquia Vesical. A paciente persiste atualmente com antibiótico-profilaxia para ITU.

Conclusões/Considerações finais

A malacoplaquia é rara, tem pico de incidência na 6ª década e é mais frequente em mulheres na razão de 4:1. Deve-se pensar em malacopláquia em pacientes com ITU de repetição e quadros imunossupressivos. Essa patologia geralmente apresenta placas amareladas, arredondadas e moles no exame de cistoscopia, porém seu diagnóstico só é possível através da biópsia, com a identificação microscópica de macrófagos na muscular própria com corpos de inclusão intracitoplasmáticos calcificados (corpos de Michaelis-Gutmann), sendo esse o achado patognomônico da doença. O tratamento da malacoplaquia se baseia na toma prolongada de antibiótico com excelente penetração através da membrana celular, como as fluoroquinolonas, devido à sua passagem facilitada através da parede celular do macrófago e histiócito, o que permite alcançar elevadas concentrações intracitoplasmáticas. Também estão descritas a rifampicina, o trimetropim-sulfametoxazol e a gentamicina. No caso de malacoplaquia vesical está indicada a ressecção endoscópica de grandes massas o mais cedo possível, permitindo a eliminação de possíveis focos sépticos e favorecendo desta forma o tratamento médico.

Palavras-chave

Malacoplaquia
Malacoplakia
Vesical
Bexiga
Urologia

Área

Clínica Médica

Autores

Bruno Menegatti Sanches, Wallace Mees, Pedro Henrique Gomes Geraldini, José Vinicius Silva Martins, John Edney Santos