15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

HEPATITE ALCÓOLICA AGUDA EM PACIENTE JOVEM: UM RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A hepatite alcóolica aguda (HAA) é uma patologia induzida pelo consumo excessivo de álcool, que acomete tipicamente indivíduos entre 40 e 50 anos com ingesta há mais de 2 décadas. É caracterizada principalmente por icterícia progressiva de início súbito e por uma relação entre transaminase glutâmico-oxalacética (TGO) e transaminase glutâmico-pirúvica (TGP) que ultrapassa a proporção 2:1. A partir do diagnóstico, a taxa de mortalidade da HAA varia de 15 a 60% em um mês, sendo a cirrose e a má-nutrição fatores que contribuem para o desfecho.

Objetivos

Relatar um caso clínico de HAA em paciente jovem de evolução incomum.

Caso

Paciente, sexo feminino, 23 anos, previamente hígida, etilista crônica há 9 anos, com ingesta de 33 doses de cachaça ao dia, deu entrada no Pronto Atendimento com quadro de dor abdominal há duas semanas associado a náuseas, vômito e icterícia há uma semana.
Ao exame físico apresentou-se em bom estado geral, evidenciando hepatomegalia e dor à palpação abdominal difusa. A hipótese diagnóstica foi de HAA, com Escore de Maddrey (FDM) 7,2. Na admissão, apresentou exames laboratoriais com bilirrubina direta (BD) de 15,75 mg/dL e bilirrubina indireta (BI) de 23,25 mg/dL, junto a níveis de TGO de 150 U/L, TGP de 86 U/L, albumina de 2,7 g/dL e INR de 1,1, além de não demonstrar alterações nos níveis de fosfatase alcalina e Gama GT e um hemograma com leucócitos de 22.600/mL. Optou-se por tratamento de suporte sem uso de corticoide (FDM < 32) ou antibiótico.
Solicitou-se junto a outros exames complementares uma colangioressonância magnética, que sugeriu um quadro de hepatite, sem a presença de obstrução biliar, bem como as sorologias, que se mostraram negativas, com exceção da Hepatite A com IgG positivo.
Paciente evoluiu clinicamente estável, porém, na quarta semana ainda apresentava hiperbilirrubinemia importante com BD de 11,97 mg/dL e BI de 12,34 mg/dL junto a TGO e TGP flutuantes.
Optou-se pela biópsia hepática para elucidação diagnóstica que evidenciou a presença de modificações citoplasmáticas sugestivas de alteração hialina de Mallory, achado citológico que confirmou o a hipótese de HAA.
Paciente evoluiu com melhora lenta e progressiva, sendo encaminhada para serviço de referência em hepatologia.

Conclusões/Considerações finais

Sendo a HAA uma doença subdiagnosticada, a relação TGO/TGP maior que 2:1, geralmente com valores menores que 300, sugere o diagnóstico mesmo em pacientes jovens, mas com alta ingesta alcóolica crônica como neste caso.

Palavras-chave

Hepatite; álcool; icterícia;

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade do Oeste de Santa Catarina- UNOESC - Santa Catarina - Brasil

Autores

Thaís Cristina Costa, Victor Hugo Benin, João Pedro de Figueiredo Camargo, Vinicius Miola