15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Diagnóstico de coledocolitíase em paciente idosa com doença de Alzheimer

Introdução/Fundamentos

A doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa progressiva, de início insidioso, sendo a principal causa de demência. Em geral acomete indivíduos após os 60 anos de idade. Os principais fármacos utilizados no tratamento da DA são os inibidores da colinesterase (IChE), como a donepezila, rivastigmina e galantamina, e a memantina (antagonista não competitivo de receptores NMDA). Os principais efeitos colaterais dos IChE são os gastrointestinais, como náuseas, vômito e diarreia. Doenças envolvendo o trato gastrointestinal em pacientes que fazem uso dessas medicações podem ser mascaradas tendo em vista esses efeitos adversos. Além disso, os indivíduos que comumente fazem uso desses fármacos possuem histórico de demência, o que também dificulta o diagnóstico, tanto pela patologia quanto pelo fato que em idosos a apresentação clínica pode ser mais branda.

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente idosa com diagnóstico de coledocolitíase, que foi mascarado inicialmente pela sua condição clínica e medicações em uso.

Caso

Paciente feminina, 88 anos, portadora de Doença de Alzheimer com demência de grau leve a moderado e depressão grave, em uso de donepezila, memantina, escitalopram e bupropiona, iniciou com náuseas, vômitos e inapetência. Inicialmente pensou-se tratar de efeitos adversos da medicação, sendo suspensa a donepezila, sem melhora dos sintomas. Foram solicitados exames laboratoriais, que evidenciaram lesão hepática (fosfatase alcalina = 472 U/L, TGO = 142 U/L, TGP = 172 U/L, GAMA GT = 1276 U/L), além da bilirrubina total e direta levemente aumentadas. Baseado nos exames, pensou-se na possibilidade de uma neoplasia hepática e parte da equipe considerou cessar a investigação, tendo em vista a idade avançada e condições clínicas da paciente. No entanto, foi decidido seguir a investigação com ressonância magnética, que mostrou coledocolitíase, com possível colangite/colecistite crônica e pseudocistos ou cistos pancreáticos do tipo mucinoso. A paciente foi encaminhada para realizar colangiopancreatografia retrógrada endoscópica para remoção de cálculo e papilotomia, e se, tudo correr bem, haverá bom alívio dos sintomas.

Conclusões/Considerações finais

Esse caso clínico reforça a importância de não subestimarmos sintomas baseados na idade e em uma condição de demência. Embora saibamos que as medicações possam causar os sintomas descritos e que a demência reduz a expectativa de vida, além de limitar as opções terapêuticas, não devemos deixar de investigar a causa buscando o alívio sintomático.

Palavras-chave

Idoso, Alzheimer, demência, donepezila, coledocolitíase.

Área

Clínica Médica

Instituições

Cuidando em Casa - Hotelaria Assistida - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Luterana do Brasil - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Tatiane Forlin Menegon, César Luiz Gonçalves Diogo, Amanda Diss dos Santos, Paulo Henrique Silva, Eduardo Bordignon Peccin