15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Tuberculose meníngea de difícil diagnóstico e resposta terapêutica positiva: relato de caso.

Introdução/Fundamentos

Tuberculose (TB) meningoencefálica é uma apresentação extrapulmonar rara e grave, de diagnóstico inespecífico, cujo quadro clínico inclui cefaleia holocraniana, irritabilidade, alterações de comportamento, sonolência, sinais focais relacionados a síndromes isquêmicas locais ou o envolvimento de pares cranianos (II, III, IV, VI e VII).

Objetivos

Descrever um caso de tuberculose meníngea, em paciente previamente vacinado com BCG, baseado na história clínica e revisão do prontuário, além de evidenciar a resposta clínica ao esquema terapêutico preconizado.

Caso

HFCM, masculino, negro, 37 anos, apresentando manifestações insidiosas de fotofobia, déficit visual, lacrimejamento, hiperemia e ptose palpebral em olho direito, com resolução após uso de corticoide por 3 dias. Evoluiu com cefaleia frontal de forte intensidade, irritabilidade, perda ponderal não intencional de 20 quilos em 2 meses, vômitos diários e um episódio de febre não aferida. Três dias antes da internação hospitalar, apresentou nova ptose palpebral e rouquidão, além de piora da cefaleia. Ao exame, paralisia do III, IV, VI e VII nervos cranianos à direita e do IX e XII nervos cranianos à esquerda (multineuropatia craniana), caquexia e prostração. Tomografia e Ressonância de crânio, com contraste, evidenciaram lesão com aspecto de meningioma (captante de contraste) em tentório posterior à esquerda e lesão similar extra-axial em asa de esfenoide à direita, sugerindo carcinomatose/tuberculose/neurossarcoidose. BAAR do escarro negativo, VDRL e HIV não reagentes. Líquor ligeiramente turvo, com 37 células, 90% mononucleares, glicose: 69 e proteínas 39, VDRL negativo, ausência de germes coráveis pelo Gram; BAAR, adenosina deaminase (ADA), citologia oncótica, pesquisa de Cryptococcus e cultura negativos. Feito rastreamento para tumor sólido primário, sem evidência de lesão oncológica. Iniciado esquema RIPE (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol) + corticoterapia empiricamente, com melhora importante e progressiva do quadro neurológico e do estado geral (restabelecimento do apetite, da disposição, reversão gradual da ptose palpebral e retorno dos movimentos oculares, melhora da rouquidão e da disfagia).

Conclusões/Considerações finais

A tuberculose meníngea é rara e de difícil diagnóstico, a alta suspeição é importante considerando o contexto epidemiológico em nosso país. Neste caso, o teste terapêutico evidenciou boa resposta, o que corroborou para o diagnóstico.

Palavras-chave

Tuberculose meningoencefálica, multineuropatia craniana

Área

Clínica Médica

Autores

Tamiris Marques Pereira, Vitor Daumas Passos, Flávio Ribeiro Pereira, Raiane Fonseca Herdy, Luiz Eduardo Prado Lima