Dados do Trabalho

Título

Síndrome Dolorosa Miofascial diagnosticada após refratariedade à colecistectomia: relato de dois casos

Introdução/Fundamentos

A síndrome de dor miofascial (SDM) é caracterizada pela presença de dor referida, frequentemente distante de sua origem e específica a cada músculo, e pela presença de um trigger point (TP). A dor referida complica o diagnóstico porque pode mimetizar outras patologias. Essa situação pode resultar em exames desnecessários, visitas prolongadas dos pacientes ao departamento de emergência e controle inadequado da dor.

Objetivos

Relatar dois casos de pacientes com quadros dolorosos na presença de colelitíase, submetidos a tratamento cirúrgico, porém sem melhora da sintomatologia e com posterior investigação e diagnóstico de SDM.

Caso

Caso 1: Paciente feminina, 51 anos, tabagista e alcoolista, com quadro de dor em hipocôndrio direito (HD) de início há seis meses e piora nas últimas duas semanas, com frequência quase diária. A ultrassonografia de abdome total evidenciou a presença de colelitíase. Foi submetida à colecistectomia aberta, porém persistiu com quadro doloroso. Em avaliação posterior, foi identificado ponto de tensão e gatilho em músculo reto abdominal direito. Realizou fisioterapia motora e atualmente faz uso de gabapentina com controle adequado da dor. Caso 2: Paciente feminina, 37 anos, em pós-operatório de colecistectomia aberta. Queixava-se de persistência da dor em HD. Ao exame físico, foi identificado ponto gatilho em músculo reto abdominal direito, sendo diagnosticada SDM e iniciado tratamento. Foi empregada combinação multimodal de medicamentos à acupuntura, sem sucesso terapêutico, por isso a paciente foi encaminhada ao neurologista e ao Grupo de Apoio em Dor Crônica.

Conclusões/Considerações finais

A SDM é componente da grande maioria das síndromes dolorosas crônicas e pode mimetizar outras causas de dores, o que acaba por dificultar o diagnóstico em questão. Entre as etiologias mais comuns, destacam-se trauma direto e indireto e microtrauma de fibras musculares. As pacientes no caso apresentavam dor em hipocôndrio direito, porém sem relato de um quadro típico de cólica biliar, característica de colelitíase. Ainda assim, foram submetidas ao procedimento de colicistectomia. Posteriormente, foram diagnosticadas com SDM devido a permanência da dor, mantendo a mesma descrição do pré-operatório, ainda que mais intensa, e com a realização de um exame físico minucioso. Desse modo, concluímos que uma história adequada, um exame físico detalhado e de suspeição diagnóstica são essenciais para que possamos chegar ao diagnóstico de SDM.

Palavras-chave

Síndrome Dolorosa Miofascial; Colelitíase; Colecistectomia; Diagnostico diferencial

Área

Clínica Médica