15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Leishmaniose Visceral, causando Síndrome Hemofagocítica e simulando Lupus Eritematoso Sistêmico em um Hospital do Sertão Central do Ceará: Relato de Caso

Introdução/Fundamentos

A Leishmaniose Visceral (LV) tem um amplo espectro clínico, tendo sido descritas associações com padrões doenças autoimunes e inflamatórias. Este artigo trará um caso de LV, causando Síndrome Hemofagocítica (SHF) e simulando Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), com aspectos importantes desta correlação.

Objetivos

Demonstrar a importância da suspeição clínica-epidemiológica de LV para investigação e tratamento precoces, além de discutir alguns dos seus diagnósticos diferenciais.

Caso

Paciente de 66 anos, masculino, admitido no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), Quixeramobim – Ceará em novembro de 2018, por perda de peso, hepatoesplenomegalia, adinamia, anemia e neutropenia febril (310/mm³), tendo diagnóstico um ano antes de Síndrome Mielodisplásica (SMD) por mielograma, mas não confirmado em histopatológico. No internamento atual observaram-se exames positivos como Fator Antinuclear - FAN (nuclear pontilhado grosso de 1/640) e consumo de complemento (C4 e CH50), associados a leucopenia e úlceras orais, fechando quatro critérios para LES. Tinha ferritina superior a 500 ng/ml, citopenia, esplenomegalia e histopatológico de linfonodo inguinal com sinais de hemofagocitose, corroborando com a SHF. Cogitou-se a possibilidade de pulsoterapia com corticoide, mas o antígeno K39 positivou e o mielograma apresentava células parasitadas por leishmania. O tratamento com anfotericina B desoxicolato foi iniciado, sendo trocada por lipossomal posteriormente. Houve aumento de neutrófilos para 3000/mm³, remissão da febre, ganho de peso, redução de visceromegalias, encaixando-se em critérios de cura em dois meses após a alta. Novo FAN com padrão misto, mas sem significado clínico, além de recuperação de hemoglobina (7 g/dl para 11.9 g/dl) e queda de ferritina para 152 ng/ml.

Conclusões/Considerações finais

Observou-se a importância dos aspectos clínico-epidemiológicos da LV. Neste caso surgiram três diagnósticos possíveis no período de um ano: SMD, LES e SHF. O diagnóstico de LV partiu de uma linha de raciocínio que priorizou cada particularidade da apresentação. Foi importante o entendimento que a positivação de auto anticorpos, alterações de complemento e SHF faziam parte de um só espectro clínico, que culminou em tratamento adequado. Dessa forma, entende-se a necessidade da aquisição de conhecimento da correlação entre LV e outras patologias, proporcionando ao paciente um tratamento precoce e adequado, principalmente, em áreas endêmicas.

Palavras-chave

Leishmaniose Visceral; Lupus Eritematoso Sistêmico; Síndromes Hemofagocíticas; Diagnósticos diferenciais;

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Regional do Sertão Central - Ceará - Brasil

Autores

Leonardo Miranda Macêdo, Ana Danielle Tavares da Silva, Élida Lívia Rafael Dantas Belarmino, Camila Silva Castro, João Igor Dantas Landim