15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

SÍNDROME DE ERASMUS E INFECÇÕES PULMONARES FÚNGICAS

Introdução/Fundamentos

A inalação de sílica, além de causar pneumoconiose, pode ser gatilho para o desencadeamento de doenças autoimunes, entre elas a esclerose sistêmica (ES), condição denominada Síndrome de Erasmus. Estima-se que 3% dos casos de ES em homens está relacionada à exposição à sílica e o risco de desenvolver ES é 24 vezes maior nessa população. A ES é uma doença inflamatória crônica e seu tratamento tem como base a imunossupressão, geralmente realizado com corticosteroides, metotrexato ou micofenolato de mofetila, acrescido de tratamento específico para cada sistema acometido. O tratamento imunossupressor aumenta o risco de infecções fúngicas oportunistas graves, como a pneumocistose e a criptococose pulmonar.

Objetivos

Descrever um raro caso de Síndrome de Erasmus, complicado por infecções pulmonares fúngicas.

Caso

M.L.W., 50 anos, masculino, história ocupacional de trabalho com fundição de ferro utilizando moldes de areia, acompanhado no ambulatório de reumatologia por esclerose sistêmica forma cutâneo limitada associada ao diagnóstico de pneumoconiose padrão fibrogênico (Síndrome de Erasmus). Apresentava também diagnóstico de criptococose confirmado por biópsia pulmonar 2 anos após o início do tratamento para esclerose sistêmica. Foi admitido no pronto-socorro por quadro de febre há 40 dias, associada à tosse seca, dispneia aos pequenos esforços, sudorese e perda de 3,5 kg em 20 dias. Estava em uso de prednisona, fluconazol e nifedipina. Foram aventadas as hipóteses de reativação de criptococose, pneumonia comunitária e tuberculose. Após 7 dias de tratamento com antibióticos e antifúngicos, sem melhora clínica, a presença do Pneumocystis jirovecii foi demonstrada em uma amostra de escarro induzido. Foi iniciado tratamento conjunto com anfotericina B e Bactrim (sulfametoxazol + trimetoprima), com melhora gradual da dispneia, mantendo-se afebril após início do tratamento.

Conclusões/Considerações finais

Esse caso chama a atenção para a rara associação de pneumoconiose e esclerose sistêmica (3%) e também para o diagnóstico de infecções pulmonares oportunistas em pacientes imunossuprimidos, as quais acometem uma pequena porção dos pacientes (1-2%).

Palavras-chave

Pneumoconiose, síndrome de Erasmus, esclerose sistêmica, infecção fúngica, imunossupressão

Área

Clínica Médica

Autores

Andressa Roldi Polinarski, Ana Paula Adame, Giovanni do Valle Dias, Luiz Pierre Huning, Márcio Augusto Nogueira, Patrick Fontes Rodrigues