15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Linfoma de Burkitt como manifestação do HIV: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

O linfoma de Burkitt (LB) é um linfoma agressivo de células B, de rápida evolução. Apresenta três variantes clínicas: endêmica, esporádica e associada à imunodeficiência. Esta última costuma ser diagnosticada em pacientes imunocomprometidos (submetidos a transplante de órgãos ou HIV positivos), correspondendo a 1/3 dos casos de Linfoma Não Hodking (LNH) em pacientes HIV.

Objetivos

Relatar caso de paciente HIV soro positivo, com imunosupressão grave, diagnosticado com quadro de Linfoma de Burkitt.

Caso

C.W., masculino, 46 anos, previamente hígido, iniciou com tosse seca há dois meses, evoluindo com febre, cefaleia, diplopia à direita e perda ponderal. Em investigação hospitalar evidenciou-se Epstein-Barr reagente em painel para Herpes vírus de líquor e, em Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de crânio, observou-se lesões ovoides em substância branca periventricular frontais e parietais. Foi, ainda, identificada sorologia positiva para HIV com imunodepressão grave (CD4 de 39 células/mm3). Já em vigência de Terapia Antirretroviral, evoluiu com febre vespertina, sudorese, dor torácica e lesões em mucosa oral características de candidíase. Ao prosseguir investigação, a tomografia (TC) de abdome identificou múltiplos nódulos em parênquima hepático, os quais foram submetidos à biópsia e imuno-histoquímica, sendo definido como linfoma B de alto grau consistente com Linfoma de Burkitt. Além disso, a imunofenotipagem por citologia de fluxo no líquor demonstrou fenótipo sugestivo de Linfoma não Hodgkin B (HNH-B) - CD45 negativo e CD10 positivo. A imunofenotipagem de aspirado de medula óssea não detectou células linfoides monoclonais. As demais sorologias e pesquisas de infecções oportunistas foram negativas. Paciente foi transferido para tratamento com onco-hematologia.

Conclusões/Considerações finais

O LB está associado à manifestação inicial da AIDS. Tem comum o envolvimento linfonodal e infecção pelo EBV (30-40%). Em adultos, pode ter tumores com comprometimento de fígado, baço, medula óssea e sistema nervoso central (geralmente, ao diagnóstico ou recidiva). Na suspeita diagnóstica, a investigação deve ser realizada por meio de biópsia da medula óssea e citologia do líquidocefalorraquidiano (LCR). O estadiamento é feito com imagens dos tumores por FDG-PET/TC e, se não disponível, por TC de tórax, abdome e pelve.

Palavras-chave

“Linfoma de Burkitt”, “Sorodiagóstico de HIV”, “Linfoma não Hodgkin”

Área

Clínica Médica

Autores

Natália Senem Teles Souza, Alana Carla Biazus, Dora Carolina Diedrich Saldanha, Alessandra Laitart, Artur Henrique Vaz Oliveira, Regina Célia Santos Valim