15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Título: Síndrome do Ombro Congelado Bilateral pós Mastectomia Bilateral

Introdução/Fundamentos

Introdução: O câncer de mama é o mais prevalente entre as mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. A cirurgia é pilar no tratamento dessa neoplasia em fase inicial e suas complicações variam desde seroma, deiscência de sutura e infecção até capsulite adesiva (CA), a qual é incomum e, habitualmente, não considerada, apesar de potencialmente debilitante e de imenso impacto na qualidade de vida.

Objetivos

Objetivo: Apresentar uma complicação incomum pós-operatória (PO) de mastectomia com impacto negativo importante na qualidade de vida.

Caso

Caso: Mulher, 49 anos, professora, ex-tabagista, diagnóstico de câncer de mama aos 47 anos, cT2N0, HER2 positivo e Receptor Hormonal positivo, recebeu quimioterapia combinada com terapia anti-Her2 pré-operatória (docetaxel, carboplatina, trastuzumabe, pertuzumabe), seguida de adenomastectomia bilateral e reconstrução com próteses. Peça cirúrgica pyT1aN0. A paciente recebeu trastuzumabe adjuvante cada 3 semanas por 12 doses e letrozol 2,5 mg ao dia programado para 5 anos. Cerca de 3 meses após a cirurgia evoluiu com dor em face anterior de ombros, braços e antebraços com intensa limitação na extensão posterior, abdução e elevação anterior dos membros superiores, sem melhora com analgésicos que implicou em severa limitação das atividades cotidianas como escovar os dentes, tomar banho e vestir-se. Houve piora progressiva do quadro de dor e limitação funcional. A investigação por imagens afastou a possibilidade de metástases e a paciente foi diagnosticada com CA ou Síndrome do Ombro Congelado Bilateral (SOC) pós-mastectomia. Foi manejada com repouso e analgesia na fase aguda e, posteriormente, com fisioterapia e acupuntura. Houve melhora progressiva, lenta, e ainda parcial.

Conclusões/Considerações finais

Conclusão: A CA ou SOC é complicação incomum no PO de mastectomia, geralmente unilateral e com curso autolimitado. Alguns estudos sugerem que a CA possa se tornar crônica em mais de 40% dos pacientes, com sintomas leves após 3 anos, e 15% com incapacidade a longo prazo. A CA que ocorre pós mastectomia está relacionada com o desenvolvimento de dor crônica PO, também chamada Síndrome Dolorosa pós Mastectomia, a qual interfere no sono e nas atividades diárias e rebaixa significativamente a qualidade de vida. Ademais, a dor pode representar uma memória contínua da doença que causa sofrimento físico e psicológico somado aos inúmeros cuidados e custos decorrentes do câncer. A mobilização precoce da articulação parece ser importante fator preventivo dessa condição.

Palavras-chave

câncer de mama; complicação pós-operatória; mastectomia bilateral; capsulite adesiva; síndrome do ombro congelado

Área

Clínica Médica

Autores

Scarlet Mattos Mendes, Alvaro Vinicius S Machado, Milene Possebon Koltermann, Maria Carolina Cardoso da Silva, Guilherme Doleys Cella