15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Hepatite medicamentosa induzida por chá verde: relato de caso

Introdução/Fundamentos

Nos últimos anos o consumo de fitoterápicos cresceu indiscriminadamente, contudo o seu uso não é isento de riscos. Diversos fármacos estão envolvidos no desenvolvimento de lesão hepática induzida por drogas, incluindo ervas medicinais como Camellia sinensis (chá verde), podendo apresentar quadro clínico variável entre casos mais brandos e assintomáticas até formas graves com necessidade de transplante hepático

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente jovem previamente hígida que evoluiu com icterícia decorrente de lesão hepática aguda após ingestão de chá verde.

Caso

Paciente feminina, 27 anos, foi admitida com queixa de icterícia cutâneomucosa, dor abdominal, acolia fecal, colúria, prurido, náuseas e astenia com duração de uma semana, após iniciar tratamento alternativo para emagrecer com medicação manipulada que continha Camellia sinensis em sua formulação. Negou comorbidades, alergias, vícios ou uso de outras medicações. Relatou quadro prévio semelhante após ingestão de chá verde, porém com resolução espontânea.
Os exames laboratoriais mostraram hiperbilirrubinemia às custas de bilirrubina direta (bilirrubinas totais 18,8 mg/dL, bilirrubina direta 12,99 mg/dL, bilirrubina indireta 5,81 mg/dL), aumento de transaminases (ALT 2606 U/L, AST 1748 U/L) e alargamento do coagulograma (atividade de protrombina 58%, INR 1,41).

Após nove dias de internação, sem melhora do quadro clínico-laboratorial, com a exclusão de outras causas de lesão hepática aguda, como causas obstrutivas, com exames de imagem sem alterações, sorologias para hepatites virais negativas e panorama para hepatite autoimune negativo, e considerando a hipótese de lesão hepática induzida por drogas, optou-se por iniciar o tratamento empírico com n-acetilcisteína. Ao longo das primeiras horas de infusão houve nítida melhora clínica e declínio das bilirrubinas. A paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial no décimo sétimo dia de internação hospitalar assintomática e com melhora clínico-laboratorial.

Conclusões/Considerações finais

Apesar do diagnóstico de hepatite medicamentosa ser de exclusão, ele deve ser considerado, uma vez que nos últimos anos aumentou-se o consumo do chá verde. Além disso, existem relatos na literatura associando o seu consumo com disfunção hepática aguda, porém sem tratamento bem definido. Assim, o uso de n-acetilcisteína poderia ser considerado como opção terapêutica nos casos de lesão hepática induzida por Camellia sinensis

Palavras-chave

Hepatite medicamentosa, chá verde, acetilcisteína, icterícia, camellia sinensis

Área

Clínica Médica

Instituições

HOSPITAL AUGUSTO DE OLIVEIRA CAMARGO - São Paulo - Brasil

Autores

Carlos Eduardo Garcez Teixeira, Carolina Serafim da Silva, Bruno Macedo de Souza, Ingrid Marriel Ramos Novais, cilmara garcia polido, thiago de paiva salomao