Dados do Trabalho
Título
Esôfago negro em paciente com paracoccidioidomicose grave, um relato de caso.
Introdução/Fundamentos
Esôfago Negro, também chamada de Esofagite Necrotizante Aguda (NEA), é um quadro raro de necrose esofágica com alta mortalidade, assim como a Paracoccidioidomicose (PCM): oitava doença infecciosa de maior mortalidade no Brasil.
Objetivos
Relatar o caso onde estas duas entidades clínicas apresentaram-se sobrepostas em um paciente com doença grave e seguimento positivo.
Caso
EA, masculino, 64 anos, tabagista e trabalhador do campo, há dois meses com febre e odinofagia, evoluindo com afonia, disfagia e perda de peso. Procura a emergência por dor abdominal aguda com hematêmese, associado a instabilidade hemodinâmica. Relatava uso de anti-inflamatórios há cerca de oito semanas, devido odinofagia. Paciente estabilizado em sala de reanimação. Na investigação, submetido a endoscopia digestiva alta que evidenciou NEA e úlceras duodenais ativas. Tomografia computadorizada (TC) de pescoço evidenciou lesão expansiva amorfa na parede anterior da orofaringe, com áreas de ulceração marcadas por ar com invasão do espaço pré-epiglótico, além de linfonodomegalias cervicais e retrofaríngeas. TC de tórax apresentava múltiplos nódulos com padrão em vidro fosco difusos pelos pulmões. Devido epidemiologia, clínica e padrão de imagens, suspeitou-se de PCM. Realizada ampla investigação para confirmação desta hipótese incluindo sorologias específicas para fungos - todos negativos. Devido piora clínica durante investigação, iniciado tratamento empírico com sulfametoxazol e trimetoprima, com boa resposta clínica e desaparecimento da lesão expansiva em orofaringe. Na ausência de diagnóstico definitivo, adido as implicações de manutenção de uma terapia extensa em um paciente com NEA, optou-se por realização de biópsia pulmonar, culminando com diagnostico microbiológico conclusivo de PCM. Paciente evoluiu com estenose esofágica, uma das complicações dos que sobrevivem a NEA, tendo necessidade de 2 sessões de dilatação esofágica. Segue com melhora clínica, mantem tratamento antifúngico com plano de mantê-lo por pelo menos dois anos.
Conclusões/Considerações finais
A associação entre NEA e PCM não foi relatada na literatura até o momento; acredita-se que a NEA foi consequência da isquemia esofágica devido ao choque hipovolêmico – após hematêmese de origem ulcerosa. A infecção pelo variante Paracoccus lutzii foi aventada devido, até o momento, não haver técnica sorológica validada para seu diagnóstico acurado, dificultando o diagnóstico e o tratamento dos pacientes acometidos.
Palavras-chave
Esôfago negro, esofagite necrotizante, paracoccidioidomicose
Área
Clínica Médica
Instituições
Hospital Governador Celso Ramos - Santa Catarina - Brasil
Autores
Maira Kroetz Boufleur, Lucas Tramujas, Carlos André Bastian, Cainan Pires Barroso Camilo