Dados do Trabalho
Título
Policondrite recidivante: um desafio diagnóstico para o clínico
Introdução/Fundamentos
Policondrite recidivante é uma rara desordem imunomediada associada a processo inflamatório degenerativo de estruturas cartilaginosas. Sua incidência e prevalência não são bem conhecidas e sua patogênese permanece incerta. As manifestações clínicas podem assumir diferentes formas, com acometimento de estruturas ricas em proteoglicanos como olhos, orelha, trato respiratório, coração e vasos. O diagnóstico é feito a partir de critérios clínicos.
Objetivos
Relatar o caso de paciente com comprometimento de estruturas cartilaginosas.
Caso
Mulher, 34 anos, sem comorbidades prévias, com história de episódios recorrentes de vermelhidão e dor em pavilhão auricular bilateralmente, de início há cerca de 5 anos, com progressão para deformação da estrutura, assumindo aspecto de “orelha em couve e flor”. Nos últimos 3 anos, apresentou diminuição insidiosa da acuidade auditiva, rouquidão e destruição cartilagem nasal, compatível com “nariz em sela”, e há 6 meses, evoluiu com episclerite, sem queixas articulares. Na investigação apresentava função cardíaca e renal preservadas, sem positividade para HIV, sífilis ou hepatite virais, bem como ANCA ausente. Realizou tomografia computadorizada de seios da face, pescoço e tórax com achados de importante espessamento do pavilhão auricular e das paredes do conduto auditivo externo, redução da amplitude dos condutos, distorção arquitetural e desalinhamento das cartilagens da laringe e importante espessamento parietal da traqueia, brônquios fontes e brônquios lobares, com redução do seu lúmen, sem sinais de oclusão. Apesar de não apresentar queixas pulmonares, em espirometria foi evidenciado distúrbio obstrutivo grave, com diminuição da capacidade vital forçada (CVF) por hiperinsuflação pulmonar, além de curva fluxo/volume compatível com obstrução da via aérea central, predominante intratorácica. Diante do diagnóstico clínico-radiológico de policondrite recidivante, foi iniciada corticoterapia sistêmica, em dose imunossupressora, e tópica (colírio) com manutenção da imunossupressão com metotrexato, diante do comprometimento laringotraqueal importante. Com tratamento houve melhora do quadro ocular, paciente segue com estabilidade clínica, sem alteração na função pulmonar.
Conclusões/Considerações finais
Policondrite recidivante é uma condição rara, de início insidioso e diagnóstico fundamentalmente clínico mas demanda tempo de observação e exclusão de outras patologias, sendo raramente feito de forma precoce. Tratamento leva em consideração a atividade e gravidade da doença.
Palavras-chave
Palavras-chave: rouquidão; nariz em sela; episclerite; condrite auricular; condrite nasal; policondrite recidivante.
Área
Clínica Médica
Instituições
Hospital Barão de Lucena - Pernambuco - Brasil
Autores
ANA CLARA CARVALHO OLIVEIRA, ANNA CAROLINA CASTRO ARAÚJO LESSA, ANA PAULA TAVARES SOUZA, ERICA PRICILLA SANTOS SILVA, ANA CARLA ALVES SOUZA LYRA, EDUARDO ABADIE GUEDES