Dados do Trabalho

Título

LESÃO PULMONAR AGUDA RELACIONADA À TRANSFUSÃO (TRALI) – RELATO DE CASO ATÍPICO

Introdução/Fundamentos

Com mortalidade de 21%, TRALI é a principal causa de morte relacionada à transfusão nos Estados Unidos. Sua incidência é subestimada devida dificuldade no diagnóstico e varia de 0,008-0,02% em transfundidos. Manifesta-se com desconforto respiratório agudo sem demais causas determinantes de edema pulmonar, que inicia em até 6 horas após transfusão ou 24 horas quando apresentação tardia.

Objetivos

Relatar caso de paciente que desenvolveu TRALI tardia no pós operatório de cirurgia oncológica após necessidade de transfusão, para alertar sobre essa possível complicação altamente letal e subdiagnosticada.

Caso

Paciente feminina, 49 anos, com carcinoma pouco diferenciado de reto baixo com metástase hepática, em quimioterapia com esquema FOLFOX, sem demais comorbidades e uso de outras medicações. Realizou retossigmoidectomia, amputação abdominoperineal do reto, metastasectomia hepática e confecção de colostomia, evoluindo com choque hemorrágico no transoperatório, necessitando de politransfusão. Esta foi realizada com 6 hemoconcentrados de hemácias, 4 unidades de plasma fresco congelado, 4 plaquetas e 4 crioprecipitados. Após, apresentou estabilidade hemodinâmica e recebeu alta da sala de recuperação pós anestésica. No segundo dia de pós operatório, evoluiu com queda da saturação de O2 para 92% e dispneia, necessitando de ventilação mecânica e internação na Unidade de Terapia Intensiva. No dia seguinte, houve piora do quadro de dispneia, aparecimento de cianose, confusão mental e sonolência. Ausculta pulmonar com estertoração difusa bilateral e relação PaO2/FiO2 = 206. Realizada radiografia de tórax, apresentando infiltrados bilaterais condizentes com quadro de edema pulmonar. Na ocasião, foi iniciada furosemida e cisatracúrio. Realizado ecocardiograma, que descartou causas cardíacas de sobrecarga. Hemoculturas e urocultura negativas. Após, paciente se manteve oligúrica, sem resposta a furosemida e relação PaO2/FiO2 = 165. Hemograma com hemoglobina = 9,8 mg/dL e hematócrito = 27,3% que seguiram diminuindo, leucócitos de 42270/mm3 e afebril. Discutida necessidade de reabordagem cirúrgica, mas esta foi negada devido quadro instável. Apesar de medidas de suporte instaladas, paciente agravou e evoluiu para óbito no 15° dia de pós operatório.

Conclusões/Considerações finais

TRALI é uma complicação relacionada à hemotransfusão, que por ser grave, necessita de reconhecimento precoce do quadro por parte dos profissionais, para a realização do diagnóstico e início imediato das medidas terapêuticas.

Palavras-chave

TRALI, Reação Transfusional, Insuficiência Respiratória, Edema Pulmonar, Transfusão de Sangue.

Área

Clínica Médica