Dados do Trabalho
Título
PONTE MIOCÁRDICA COMO CAUSA DE ISQUEMIA: UM CASO QUE SE MANIFESTOU COMO ANGINA INSTÁVEL APÓS IAM
Introdução/Fundamentos
A ponte miocárdica (PM) é uma anomalia congênita, caracterizada por um segmento coronariano que segue um trajeto intramural, o qual pode ser comprimido durante a sístole ventricular, com reversão na diástole.
A prevalência da PM varia conforme o método diagnóstico. Por ser frequentemente assintomática, ainda é subdiagnosticada, o que leva a uma prevalência menor in vivo, cerca de 0,5 a 4,5%, comparado ao diagnóstico em autópsias, que varia de 15-85%.
Apesar de frequentemente assintomática, quando sintomática pode se manifestar na forma de angina instável ou estável, arritmias cardíacas, e mais raramente, IAM e morte súbita. Sendo um diagnóstico diferencial de doença arterial coronariana.
Objetivos
O objetivo deste artigo é relatar um caso de síndrome coronariana aguda relacionada à extensa ponte miocárdica da artéria descendente anterior, e discorrer sobre sua associação com aterosclerose coronariana.
Caso
Feminina, 76 anos, histórico prévio de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e hipotireoidismo. Há 2 semanas apresentou quadro de infarto agudo do miocárdio com supra de ST de parede anterior, sendo submetida à angioplastia primária da artéria coronária descendente anterior (DA) com implante de 01 stent farmacológico em terço médio-proximal com sucesso primário. Procurou novamente o serviço com queixa de dor precordial em aperto, sem irradiação, forte intensidade, que se iniciou ao repouso, com duração maior que uma hora, com alívio após nitrato e morfina. Submetida a novo cateterismo que demonstrou imagem compatível com ponte intramiocárdica no segmento médio-distal com redução luminal severa à contração sistólica, e stent previamente implantado no segmento médio, proximal à ponte, sem perda luminal. Otimizado o tratamento clínico.
Conclusões/Considerações finais
Embora considera-se a PM uma patologia benigna e de bom prognóstico a longo prazo, a relação com aterosclerose proximal à PM é bem estabelecida, sendo então um fator de risco para o desenvolvimento de aterosclerose e, consequentemente para síndrome coronariana aguda. O caso de nossa paciente com IAM com supra de ST por obstrução coronariana aterotrombótica em segmento proximal à ponte miocárdica reforça a literatura.
Além disso, é importante lembrar desse diagnóstico também em adultos jovens com sintomas anginosos e baixo risco para doenças cardiovasculares. Pois, apesar de apresentar uma evolução em geral favorável, a PM pode estar associada a algumas complicações graves, embora raras, como IAM e morte súbita.
Palavras-chave
ponte miocárdica, dor torácica, angina instável
Área
Clínica Médica
Instituições
Associação Hospitalar São José - Santa Catarina - Brasil
Autores
BARBARA KLEIN, Renata Oliveira Coelho, Andressa Sarda Maiochi Takagui