15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Possível cura funcional de HIV congênito: negatividade de testes sorológicos em paciente com HIV por transmissão vertical

Introdução/Fundamentos

Estima-se 1,6 milhões/ano de gestantes com infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, na ausência de terapia, as taxas de transmissão vertical (TV) são de 31%. Das crianças infectadas, 50% morrem até 2 anos se tratadas incorretamente. A profilaxia pós-parto, diagnóstico precoce e tratamento reduzem 75% da mortalidade. O diagnostico antes dos 18 meses é com 2 exames de Detecção de Ácido Nucleico – Carga Viral (HIV-CV) > 5000 cópias/ml após 2 semanas da profilaxia pós-parto. Aos 18 meses, indica-se exames sorológicos para documentação. Nos últimos anos, estudos em crianças com HIV congênito foram realizados á respeito do tratamento precoce para reduzir rapidamente a CV e eliminar o reservatório de células infectadas, considerado essencial para eventual cura funcional (eliminação completa do vírus ou controle viral sem medicação).

Objetivos

Elucidar um raro caso de negativação de exames sorológicos em paciente HIV congênito.

Caso

Feminino, nascimento 09/01/17 por cesárea, 35 semanas, genitora HIV positivo sem tratamento. Profilaxia intraparto de Ziduvodina (AZT) intravenoso para gestante, e Nevirapina (NVP) via oral (VO) associado à AZT VO (4 semanas) para paciente. Investigação para HIV congênito em 1º teste HIV-CV em 14/02/17: 1226080 cópias/mL. Em 22/02/17 confirmou o diagnostico com 2º teste HIV-CV: 4969265 cópias/mL. Em 07/03/17, a Genotipagem indicou esquema de TARV com AZT, NVP e lamivudina (3TC), iniciando tratamento. Seguiu ambulatorial: 02/05/17 (CV-HIV: 3701 cópias/mL), 12/09/17 (CV-HIV: 44 cópias/mL), 30/01/18 (CV-HIV: não detectado – ND), 15/05/18 (CV-HIV: ND); níveis de linfócito CD4 adequados (> 2000/mm³) no período. Em 09/07/18, ao completar 18 meses, realizou teste sorológico (Teste Rápido anti-HIV1 – TR1), o qual resultou TR1: não reagente (NR). Após, 10/07/18, realizou teste sorológico específico (Western Blot – WB), o qual resultou em WB: NR. Após, em acompanhamento ambulatorial com TARV (AZT, NVP e 3TC): 15/01/19 (imunofluorescência - IF: NR) e 03/06/19 (WB: NR; IF: NR).

Conclusões/Considerações finais

Descreve-se raro caso de negatividade de testes sorológicos em paciente HIV congênito. Na literatura há escassos relatos semelhantes: “Mississipy Baby” e “Coorte Francesa”. Além disso, 2 estudos sul-africanos demonstraram uma redução da CV rápida em bebês com início de TARV poucos dias após nascimento, mas, avaliaram até 1 ano e não correlacionaram á sorologia. Assim, pesquisas e casos como este são fundamentais para ampliar o conhecimento e possibilitar avanços na terapia.

Palavras-chave

HIV congênito
Testes sorológicos negativos
Cura funcional

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Regional de Blumenau (FURB) - Santa Catarina - Brasil

Autores

Fernando Baldissera Piovesan, José Carlos Pereira Galvão, Camila Carolina Lenz Welter, Hélio Vida Cassi Junior, Arthur Redivo Basso