Dados do Trabalho
Título
A importância da nutrição parenteral na evolução clínica da falência intestinal: relato de caso
Introdução/Fundamentos
Falência Intestinal (FI) consiste na redução da função intestinal com grave interferência na absorção de nutrientes, sendo necessária a suplementação adequada.
Objetivos
Relatar caso de paciente em FI que obteve melhora clinica com nutrição parenteral (NP) realizada em um Hospital de Uberaba, MG.
Caso
MMA, 41 anos, internada com quadro de FI por obstrução trombogênica isquêmica ileal. Submetida a 3 abordagens cirúrgicas por isquemia intestinal e fistula entérica, desabamento e necrose da jejunostomia (JJT). Apresentou FI pós cirúrgica, já que ficou com apenas 60 cm de jejuno remanescente além de distúrbios hidroeletrolíticos severos e alto risco nutricional. Iniciou com NP visando recuperar status nutricional de forma que, na fase aguda, recebeu NP total pelo alto débito da JJT (2,7L) com progressão gradativa para dieta enteral semi-elementar e, depois para dieta oral líquida. Usou NP por bolsa pronta tricompartimentada e depois manipulada pela gravidade e alto débito da fístula enterocutânea e da JJT. Evoluiu com abcessos intrabdominais, fistulas intestinais, distúrbio de coagulação. Medicada sequencialmente com clindamicina; amicacina, metronidazol e ceftriaxona; ampicilina e sulbactam. Evoluiu com sepse: taquicardia, febre, escapes hiperglicêmicos e saída de secreção purulenta da ferida operatória e do cateter venoso central (CVC). Foi prescrito terapia prolongada com menopenem, vancomicina e fluconazol em decorrência da infecção de corrente sanguínea relacionada ao CVC com hemocultura para S. coagulase negativa. Sem melhora clínica, manteve-se terapia conservadora para abcesso intrabdominal. Houve aumento do débito da JJT, sendo suspensa dieta oral e feita manutenção exclusiva da NP magistral até estabilização. Após 63 dias com cuidados intensivos e 46 dias de NP, apresentou condições de alta hospitalar sob cuidados de home care para realizar, à médio prazo, NP em domicílio pelo SUS, devido à pela melhora clínica e diminuição do debito da JTT (2 L/dia).
Conclusões/Considerações finais
É consenso na literatura que o comprimento intestinal remanescente está associado ao prognóstico da FI. Logo, é incomum a evolução obtida de forma satisfatória no caso relatado por se tratar da FI de classificação anatômica mais grave e prognóstico reservado. Essa melhora ocorreu pelo uso da NP prolongada, customizada, que promoveu a homeostase dos fluidos corporais e eletrólitos e melhora nutricional nítida. A NP domiciliar, contudo, pelo SUS é uma realidade incipiente no país.
Palavras-chave
Falência Intestinal; Síndrome intestino curto; Medicina intensiva; Nutrição parenteral; SUS
Área
Clínica Médica
Instituições
uniube - Minas Gerais - Brasil
Autores
Camila Zoldan, Claudio de Lima Barbosa, Cibele da Silveria Corrêa, Renata Ferreira Sousa, Izadora Cruz Andrade