15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Relato de Caso: Diagnóstico de cardiopatia acianótica - Comunicação interatrial do tipo ostium secundum- em jovem durante a fase ativa de trabalho de parto.

Introdução/Fundamentos

A Comunicação Interatrial (CIA) do tipo ostium secundum é uma cardiopatia congênita acianótica proveniente da falha no fechamento do septo interatrial. Tem prevalência de 10 a 12% entre as cardiopatias congênitas. Configura-se por um hiperfluxo pulmonar, resultante de uma sobrecarga de volume de câmaras direitas, que raramente leva a sintomas nas crianças, dificultando o seu diagnóstico. As evidências iniciam a partir da 2ª década de vida e podem ser arritmias atriais, hipertensão arterial pulmonar (HAP) e insuficiência cardíaca (IC), causando palpitação, fadiga, limitação das atividades diárias e piora da qualidade de vida. Essas manifestações podem ser intensificadas por sobrecarga hemodinâmica, durante a gestação.

Objetivos

Relatar o caso de uma gestante com o diagnóstico de CIA do tipo óstio secundum após ausculta de sopro cardíaco durante o trabalho de parto.

Caso

G. C. M., feminino, 18 anos, gestante de 38 semanas e 3 dias, G1P0A0, internada em trabalho de parto pela Obstetrícia do Hospital local. Ao exame cardiovascular, auscultou-se sopro sistólico (3+/6+) em foco aórtico acessório. Ela não apresentava acompanhamento cardiológico no pré-natal e até então a cardiopatia de base era desconhecida. Durante evolução do parto solicitou-se avaliação da Cardiologia, que não encontrou alterações eletrocardiográficas. Sendo assim, realizou-se ecocardiograma de urgência, que evidenciou CIA tipo ostium secundum de 1,2cm, com shunt esquerdo-direito, dilatação de câmaras direitas, insuficiência tricúspide discreta e HAP (43mmHg). Por isso, para evitar o esforço físico necessário no parto normal e consequentemente a descompensação cardíaca indicou-se parto cesariana. Paciente evoluiu bem e recebeu alta com encaminhamento ao ambulatório de cardiologia para avaliar necessidade de correção cirúrgica.

Conclusões/Considerações finais

A CIA é um defeito congênito e gestantes com essa cardiopatia habitualmente tolera às alterações hemodinâmicas da gestação, com baixo risco de complicações. Porém, as alterações nessas pacientes podem acentuar uma HAP prévia e ocorrer implicações durante parto e puerpério, como IC, arritmias atriais, inversão do fluxo na comunicação às custas de hipotensão sistêmica nos casos de hemorragia grave ou complicações anestésicas. Nota-se a importância do pré-natal e o diagnóstico precoce de possíveis alterações cardiológicas para auxiliar na condução da gestação uma vez que mesmo cardiopatias com baixo risco, como a CIA, podem gerar infortúnios nesse período.

Palavras-chave

Comunicação Interatrial; ostium secundum; gestante; cardiopatia congênita.

Área

Clínica Médica

Instituições

UNIUBE - Minas Gerais - Brasil

Autores

Isabela Gomes Maldi, Marcella Cristina Dias Mendonça, Mariana Botta Teixeira, Samir Idalo Junior