15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Malacoplaquia vesical: relato de caso de uma doença rara

Introdução/Fundamentos

O termo malacoplaquia, derivado do grego, placa mole, foi utilizado para descrever a rara doença em 1902, e desde então apenas 400 casos foram publicados. O pico de incidência é na 6ª década e há predomínio no sexo feminino. A patogênese envolve resposta granulomatosa crônica a agentes infecciosos em indivíduos imunodeficientes. O trato genitourinário é acometido em 70% dos casos e a malacoplaquia vesical (MV) manifesta-se como infecções do trato urinário (ITUs) de repetição e hematúria.

Objetivos

Descrever caso de MV em paciente transplantada.

Caso

Feminina, 40 anos, com antecedente de artrite em grandes articulações, emagrecimento e episódios febris, efetuado diagnóstico de lúpus há 2 anos. Uso contínuo de prednisona, hidroxicloroquina, azatioprina e ivabradina. ITUs de repetição, isolada E. coli em 3 uroculturas nos últimos 6 meses. Na avaliação relatou polaciúria, estrangúria, urina fétida e hematúria macroscópica, à semelhança de episódios anteriores. Realizada cistoscopia e biópsia das lesões visualizadas, placas amareladas com umbilicação central e pólipos, que foram ressecados. À microscopia, frequentes corpúsculos basofílicos de aspecto em alvo, corpos de Michaelis-Gutmann (Imagem 1). Viu-se ainda focos de erosão na mucosa urotelial e intenso infiltrado inflamatório histiocitário, com células vacuolizadas que alternavam com outras de citoplasmas amplos, granulosos e PAS positivos. Em adição à resseção endoscópica das lesões para remoção de focos sépticos, iniciada antibioticoterapia de longa duração com ciprofloxacino e modificado esquema imunossupressor. Sem indício de recidiva aos 6 meses de seguimento. A atividade bactericida lisossomal encontra-se deficiente na MV, permitindo proliferação de coliformes como E. coli, Klebsiella e Proteus, 90% das bactérias isoladas. O resultado são fagolisossomas com bactérias parcialmente digeridas, corpos de Michaelis-Gutmann, achado patognomônico à microscopia. Não há quadro clínico ou radiológico característico, o que justifica confirmação histológica. O tratamento envolve uso prolongado de antibióticos e abordagem cirúrgica nos casos refratários.

Conclusões/Considerações finais

Sintomas irritativos urinários aliados a condições imunossupressoras devem aventar a hipótese de MV. Ao descrever uma doença extremamente rara objetiva-se expandir o conhecimento científico para que clínicos reconheçam esta entidade como possível diagnóstico diferencial, antecipando o tratamento adequado e manejo de eventuais complicações.

Palavras-chave

Malacoplaquia; Malacoplasia; Corpos de Michaelis-Gutmann.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil, Universidade Regional de Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Autores

Marcelo Moser Fiamoncini, Maria Eduarda Minatti