15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Wernicke-Korsakoff e seu desafio para Cardiologia: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A Síndrome de Wernicke-Korsakoff (SWK) é uma complicação potencialmente fatal associada à carência vitamina B1 (tiamina), tendo como tríade clássica: oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. Está relacionada com deficiência nutricional e etilismo além de manifestações cardiovasculares graves.

Objetivos

Relatar caso de paciente etilista com evolução para SWK e comprometimento cardíaco importante em um Hospital de Uberaba, MG.

Caso

C.K.M, 57 anos, etilista e tabagista (40 anos), indigente, hipertenso e diabético, admitido em hospital com quadro de confusão mental, fala desconexa, ausência de deambulação, agressividade além de edema, desidratação, desnutrição e distúrbios eletrolíticos graves associados à lesões cutâneas em membros. Evoluiu com insuficiência respiratória aguda e fibrilação atrial de alta resposta (FAAR). Foi diagnosticado com SWK associada a pelagra e miocardiopatia alcoólica com fração de ejeção (FE) de 37% com hipocinesia difusa importante do ventrículo esquerdo (VE) pelo método Teichholz. Manteve-se em uso de drogas vasoativas, Amiodarona, Heparina, Risperidona, Bromoprida e Tiamina. Apresentou complicações respiratórias pela ventilação mecânica e broncoaspiração com hemocultura positiva (S. coagulase negativa), sendo feito antibioticoterapia em dose otimizada e traqueostomia. Pela piora do edema e da FAAR, foi anticoagulado e intensificado o tratamento cardiovascular para insuficiência cardíaca VE que propiciou compensação clínica e reversão apenas medicamentosa da FAAR em 20 dias. Devido ao quadro neurológico e de abstinência graves, usou-se Haloperidol. Alta hospitalar após 3 meses para acompanhamento ambulatorial. Foi readmitido no Hospital, após 8 meses, devido à trombose venosa profunda em membro inferior, adicionou-se Marevan e Enoxaparina. Por fim, durante evolução ambulatorial, manteve-se com déficit de coordenação motora, hipotensão postural, dispneia aos pequenos esforços além de mialgia. Há 4 anos interrompeu alcoolismo, o que promoveu evolução da FE para 70%, insuficiência valvares discretas, melhora da cognição e da motricidade.

Conclusões/Considerações finais

O caso difere-se da literatura, tendo em vista melhora clínica significativa com retorno completo da deambulação, ausência de sequelas neurológicas e normalização da FEVE com ritmo sinusal, o que é incomum. O sucesso consiste em uma abordagem multiprofissional e cuidados intensivos em tempo hábil, principalmente relacionado à abstinência alcóolica, um fator de risco de suma importância.

Palavras-chave

Síndrome Wernicke-Korsakoff; fração de ejeção; miocardiopatia alcoólica; etilismo; neuropatia

Área

Clínica Médica

Instituições

uniube - Minas Gerais - Brasil

Autores

Carlos Eduardo Bissolli Balbão, Clara Brito de Souza, Izadora Cruz Andrade, Mariana Miranda Borges, Thassia Soares de Mendonça