15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TROMBOSE BILATERAL DE ARTÉRIAS ILÍACAS COMUNS EM PACIENTE ONCOLÓGICO - UM CASO COM APRESENTAÇÃO ATÍPICA

Introdução/Fundamentos

A associação entre trombose e câncer é bem evidenciada na literatura. Pesquisas in vitro têm demonstrado a capacidade de células tumorais induzirem ativação e agregação de plaquetas através de vias moleculares como a do tromboxano A2. Além disso, diversas medicações antineoplásicas como a cisplatina, e a própria radioterapia (RT), podem levar a injúria vascular, predispondo a formação de trombos. Apesar da maior correlação com trombose venosa, trombose arterial (TA) é descrita sobretudo nas neoplasias de pulmão, estômago e pâncreas. Os sintomas típicos de TA incluem dor (presente na imensa maioria dos casos de isquemia aguda), palidez, cianose, parestesia e, menos comumente, paresia.

Objetivos

Descrição de um caso de TA secundária a neoplasia, apresentado de forma atípica.

Caso

Paciente feminina, 49 anos, portadora de carcinoma espinocelular de canal anal estadio clínico II, diagnosticado em novembro de 2018. Apresentou-se com quadro de paraparesia há 10 dias, associado a dor lombar e relacionado a episódio de esforço físico. Negava dor em membros inferiores (MMII). Realizou sua última sessão de quimioterapia (5-fluorouracil e cisplatina) e RT na semana anterior. Ao exame segmentar de MMII apresentava força grau IV + em membro inferior esquerdo (MIE) e IV - em membro inferior direito (MID); reflexos osteotendinosos grau II em MIE e grau I em MID; pulsos presentes em MIE, pulso femoral e pedioso ausentes em MID (pulso poplíteo presente); tempo de enchimento capilar de 2 segundos; extremidades aquecidas, sem cianose. Realizada tomografia computadorizada (TC) de coluna lombossacra, a qual demonstrou discretas alterações degenerativas na coluna e trombose da artéria aorta infra-renal, artérias ilíacas comuns e artéria ilíaca interna direita. AngioTC de abdome e pelve confirmou trombo arterial nessas localizações, com perfusão de artérias ilíacas internas (por colaterais). Optado por iniciar anticoagulação com varfarina e enoxaparina, com melhora progressiva da força muscular e melhora significativa na deambulação.

Conclusões/Considerações finais

TA tem incidência aumentada em diversos tipos de neoplasias, e a terapia antineoplásica pode potencializar a ocorrência de eventos trombóticos. Neste caso, a TA apresentou-se de forma atípica, apenas com paresia e hiporreflexia, com melhora sintomática significativa após anticoagulação. É primordial que o clínico esteja atento para este tipo de intercorrência, inclusive no diagnóstico diferencial em casos de paresia, tendo em mente seu caráter reversivo.

Palavras-chave

Trombose arterial; paresia; dor; neoplasia; antineoplásicos; quimioterapia; radioterapia

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal do Paraná - Paraná - Brasil

Autores

Kethelyn Keroline Telinski Rodrigues, Milena Joly Kulicz, Marcelo Abreu Ducroquet, Rebecca Marquini Ruziska, Gabriela Andrioli Silva , Thales Matzkeit Leyton