15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Dor abdominal como manifestação de espondilodiscite torácica: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A espondilodiscite é uma condição rara, de caráter inflamatório, que acomete os corpos vertebrais, discos intervertebrais e estruturas nervosas adjacentes. O diagnóstico tende a ser difícil devido a baixa incidência, aos sintomas inespecíficos e à progressão insidiosa.

Objetivos

Relatar um quadro atípico de espondilodiscite torácica, visando aumentar o grau de suspeição diagnóstica, que poderia culminar no tratamento precoce e na redução de complicações.

Caso

Mulher, 47 anos, diabética, foi admitida no serviço de urgência e emergência com dor abdominal em epigástrio de forte intensidade e irradiação para dorso e hipocôndrios. O quadro era progressivo, associado a náuseas e vômitos, sudorese noturna e episódios de febre aferida, com início há 3 meses. O exame físico mostrava dor importante à palpação superficial e profunda de todo o andar superior do abdome e a paciente relatou colecistectomia e laqueadura prévias. Os exames iniciais demonstraram anemia, hipocalemia e RNI, enzimas canaliculares e PCR aumentadas. Na evolução, a paciente apresentou paraplegia e tônus diminuído em membros inferiores, reflexos diminuídos em membro inferior direito e sensibilidade reduzida até região epigástrica. Foram solicitados ressonância magnética e tomografia de coluna que revelaram lesões típicas de espondilodiscite. As cultura colhidas foram positivas para Escherichia coli, e foi realizada antibioticoterapia e ressecção cirúrgica dos corpos vertebrais acometidos. Após ceftriaxona EV e melhora clínico-laboratorial, a paciente teve alta com prescrição de Bactrim por 6 semanas e posterior seguimento clínico.

Conclusões/Considerações finais

Espondilodiscite é uma doença rara, de etiologia infecciosa, que possui pico de incidência bimodal: atinge pacientes com menos de 20 anos e entre 50-70 anos. A coluna mais acometida é a lombar, seguida da torácica, e homens são quase 2x mais afetados que mulheres. O diagnóstico tende a ser difícil devido aos sintomas inespecíficos, ao quadro insidioso e baixa incidência dessa patologia na população. Ademais, a lombalgia, que costuma ser a queixa principal do paciente, é extremamente prevalente e se torna um fator de confusão. O tempo entre o início dos sintomas e o estabelecimento do diagnóstico pode variar de 2 dias a 12 meses, e o exame padrão ouro é a ressonância magnética. No caso em questão, o quadro de dor abdominal, as alterações em enzimas canaliculares, a epidemiologia e a ausência de queixas em região lombar ou dorsal dificultaram a suspeição clínica, retardando o diagnóstico.

Palavras-chave

espondilodiscite;
dor abdominal;
torácica;
relato de caso.

Área

Clínica Médica

Autores

Dunia Verona, Lucas Altoé Brandão, Giovanni Luis Breda