15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

PNEUMONITE INTERSTICIAL INDUZIDA POR PACLITAXEL COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PNEUMONIA

Introdução/Fundamentos

Pneumonite intersticial induzida por quimioterápico é complicação rara que pode evoluir com insuficiência respiratória e óbito. Dose empregada e regime influenciam incidência e severidade. Deve-se considerar o diagnóstico em pacientes tratados com quimioterapia que desenvolvem quadro respiratório inespecífico (tosse, dispneia, hipoxemia) e sinais em exame de imagem (vidro fosco, consolidações e/ou espessamento de septo interlobular). É necessário excluir outras causas, sobretudo pneumonia, afastada perante falta de resposta à terapia antibiótica. O tratamento é empírico e o uso de corticoides é baseado em relatos de caso. O paclitaxel é um quimioterápico comumente usado no tratamento do câncer, incluindo o de mama, com relatos de associação com pneumonite.

Objetivos

Relatar dois casos de pneumonite induzida por paclitaxel, importante diagnóstico diferencial em pacientes oncológicos.

Caso

Caso 1: Mulher, 78 anos, superfície corpórea (SC) 1.38 m2. Submetida a terapia adjuvante para câncer de mama com 4 ciclos de doxorrubicina (60mg/m²) e ciclofosfamida (600mg/m²) seguidos de paclitaxel (80mg/m²) semanal. Após 9 ciclos de paclitaxel, TC mostrou múltiplas opacidades em vidro fosco e espessamento de septos interlobulares. Por hipótese de pneumonia, administrado antibiótico. Evoluiu com taquipneia, ronco em base pulmonar e dessaturação (SpO2 78%) a despeito de oxigenoterapia. Por suspeita de pneumonite, administrada corticoterapia em alta dose (40mg/dia) e, perante melhora do quadro, suspensão de antibioticoterapia.
Caso 2: Mulher, 58 anos, SC 2.16 m². Submetida a terapia neoadjuvante para câncer de mama com 12 ciclos de paclitaxel (80mg/m²) semanal. Ao final do ciclo, apresentou tosse produtiva, foi internada por infecção pulmonar e tratada com antibioticoterapia. Evoluiu com melhora dos sintomas e alta hospitalar. Após 3 dias, permaneceu com tosse, agora seca, e foi internada por dispneia e dessaturação (SpO2 91%). TC mostrou áreas de atenuação em vidro fosco, predominando nas porções inferiores dos pulmões, sugestivas de pneumonite por reação à quimioterapia. Tratamento com corticoterapia (40mg/dia) e melhora do quadro.

Conclusões/Considerações finais

Pneumonite induzida por quimioterápico, como paclitaxel, embora incomum, acarreta grande morbidade e é potencialmente fatal. O clínico deve considerá-la no diagnóstico diferencial em pacientes oncológicos com sintomas respiratórios inespecíficos refratários à terapia antibiótica e padrão sugestivo em exame de imagem.

Palavras-chave

Pneumonite, quimioterapia, paclitaxel

Área

Clínica Médica

Autores

Jacqueline Justino Nabhen, Gabriela Tulio Struck, Bruno Ribeiro Batista, Rayana Pecharki Teixeira Alves Postai, Sergio Lunardon Padilha, Elise Nara Sanfelice