15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Citomegalovírus: um caso peculiar em paciente imunocompetente.

Introdução/Fundamentos

A citomegalovirose é uma doença imunomediada incomum de causar doença severa em imunocompetentes, tornando o diagnóstico desafiador.

Objetivos

Relatar um caso atípico de citomegalovirose em paciente imunocompetente e ressaltar a importância da suspeição clínica para evitar subdiagnósticos.

Caso

Paciente feminina, 48 anos, previamente hígida, há 4 semanas iniciou com dor e leve distensão abdominal. Após vacinações iniciou quadro de poliartralgia, inapetência, odinofagia e febre aferida de 39 ºC. Evoluiu com dispneia aos grandes esforços e dificuldade de deambulação.
Ao exame físico, as alterações: hipocorada, ictérica, estertores finos na base de ambos os hemitórax, abdome e fígado dolorosos à palpação, membros inferiores (MMII) edemaciados e dor à palpação/mobilização de múltiplas articulações.
Na internação, os exames laboratoriais demonstraram: anemia, leucocitose com desvio à esquerda, plaquetopenia, hiperbilirrubinemia por bilirrubina direta, gama-GT e fosfatase alcalina aumentadas, provas inflamatórias elevadas, fator antinuclear reagente 1/160. Sorologias negativas para hepatite B e C, sífilis, vírus da imunodeficiência humana e toxoplasmose. Hepatite A e Epstein-Barr IgG reagente, citomegalovírus (CMV) IgM reagente. Suspeitou-se de reação pós-vacinal ou CMV.
Evoluiu com adenopatia em região cervical e sangramento anal, de pouco volume. Ao toque retal, plicoma anal, sangue vivo e fezes em dedo de luva. Prescrito diosmina + hesperidina, com controle do sangramento.
A tomografia computadorizada de tórax com contraste teve achados inespecíficos que poderiam estar relacionados a hemorragia alveolar ou processo infeccioso, suspeitando de vasculite ou pneumonia atípica. Solicitou-se IgG+IgM para CMV e anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA): ANCA negativo, IgM 1,76 e IgG > 250.
Devido melhora clínica progressiva foi dado alta para a paciente seguir com tratamento ambulatorial.
Um mês após alta, reinterna com quadro similar ao inicial e suspeita-se de citomegalovirose persistente grave sem resposta ao tratamento ambulatorial. Iniciado ganciclovir endovenoso com melhora do quadro clínico, seguido de alta e acompanhamento ambulatorial.

Conclusões/Considerações finais

A citomegalovirose em imunocompetentes é de difícil diagnóstico devido aos poucos casos relatados na literatura. Porém, a suspeita clínica perante febre, dor abdominal, anorexia, perda ponderal é importante pela elevada morbimortalidade, se não tratado corretamente.

Palavras-chave

Citomegalovirose; CMV; imunocompetente.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen - Santa Catarina - Brasil, Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil

Autores

Mateus Lucas Pegoretti, Catarina Cé Bella Cruz, Thiago Andrade Wawginiak, Cleyton Gregory Silva, Filipe Martins de Mello