15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE LESÃO AXONAL DIFUSA POR TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO: UM RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A Lesão Axonal Difusa (LAD) é uma complicação frequente do Trauma Crânio Encefálico (TCE) resultante da deformação por cisalhamento e pode não apresentar alterações à tomografia computadorizada (TC). Acomete cerca de 42% dos adultos vítimas de TCE, e geralmente resultam em déficits neuropsicológicos, sendo que 43% dos casos evoluem a óbito.

Objetivos

Relatar um caso de LAD por TCE, devido à importância do diagnóstico precoce para minimizar danos secundários e proporcionar um melhor prognóstico.

Caso

Masculino, 19 anos, previamente hígido, chega à emergência em julho de 2018, inconsciente, por TCE contuso, decorrente de acidente automobilístico. O paciente foi ejetado do veículo e não fazia uso de cinto de segurança. Ao exame físico inicial, estável hemodinamicamente, apresentou pontuação 8 na Escala de Coma de Glasgow (ECG): Resposta Ocular (RO) 2, Resposta Motora (RM) 4 e Resposta Verbal (RV) 2. A tomografia não evidenciou alterações. Após 5 dias de evolução encontrava-se com 9 pontos na ECG (RO: 2, RM: 5 e RV: 2), paralisia periférica em hemiface esquerda, pupilas isocóricas e fotorreagentes, sinal de Battle presente, evidenciando o trauma no osso temporal, envolvendo o córtex da mastoide e nervo facial, sinal de Babinski negativo, e hemodinamicamente estável. Considerando a cinética do trauma associada ao quadro clínico e a ausência de alterações no exame de imagem, foi estabelecida a hipótese diagnóstica de LAD. O paciente foi submetido a tratamento clínico com: dipirona sódica, enoxaparina sódica, fenintoína, cloridrato de ondansetrona, ceftriaxona, e cloridrato de clindamicina; evoluindo a óbito após 20 dias do início do tratamento.

Conclusões/Considerações finais

A hipótese diagnóstica de LAD por TCE surge quando o paciente se torna inconsciente no momento do impacto aliado a sinais sugestivos no exame físico, não sendo comum a ocorrência de períodos de lucidez. A LAD pode acarretar em danos cognitivos ou neuropsiquiátricos de longo prazo como a incapacidade de autonomia, estado vegetativo e até mesmo o óbito. A utilização de técnicas de neuroimagem visa colaborar na prevenção de danos secundários, quando a condição clínica diverge dos achados da TC, indica-se a ressonância magnética para avaliação prognóstica. Como visto no caso, a ausência de achados de imagem não exclui o diagnóstico, reforçando a importância da avaliação e suspeita clínica.

Palavras-chave

Lesão Axonal Difusa. Trauma Craniocerebral. Clínica.

Área

Clínica Médica

Autores

Mônica Palos Barile, Ana Julia Delazeri, Leonardo Chiodi Mroginski, Paulo Cesar Lago