15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Comorbidade como fator confusional no diagnóstico de crise tireotóxica: relato de caso

Introdução/Fundamentos

Introdução: A crise tireoidiana é uma emergência caracterizada pela alteração funcional de diversos órgãos devido à tireotoxicose. Muitas vezes, há dúvida se os sintomas observados são causados pela tireotoxicose ou fator descompensatório, recomendando-se o uso de escores. O mais utilizado é o de Burch-Wartofsky.

Objetivos

Objetivos: Relatar caso em que uma comorbidade comprometeu a interpretação do escore diagnóstico.

Caso

Descrição do caso: E.A., 47 anos, feminina, admitida em um hospital do sul do Brasil apresentando, no pré-hospitalar, taquidispneia e esforço respiratório, evoluindo para insuficiência respiratória e necessitando de intubação. Na admissão, estava instável hemodinamicamente, em mau estado geral, descorada, proptose e exoftalmia importante, bócio difuso visível, frequência cardíaca (FC) de 154 bpm, hipertensão (200x130 mmHg) e temperatura (T) de 38ºC. Apresentava bulhas cardíacas hiperfonéticas e estertores bolhosos difusos e sibilos em base e terço médio em ambos os pulmões. Exames laboratoriais mostraram: TSH: <0,01; T4 livre: 6,76; T3 total: 420,1; PCR: 7,2 (VR<1,0); Leucócitos: 27.080; Neutrófilos: 81%; Bastonetes: 2%. Foi iniciado ceftriaxona e azitromicina; propiltiouracil (PTU), 900mg/dia; e diltiazem. O critério de Burch-Wartofsky, na admissão, era de 45 (ausência de padrão neurológico e gastrointestinal), evoluindo, durante o dia, para 70, gerando-se a hipótese de crise tireotóxica. A paciente tratava hipertensão arterial há 8 meses e hipertireoidismo há 4 meses, por exoftalmia de início há 8 meses. História de uso de tapazol, mas interrompido. Em uso de losartana, hidroclorotiazida, prednisona e propranolol. Durante o internamento (UTI e enfermaria), fez uso de oseltamivir, escalonamento para ceftazidima e clindamicina, devido à manutenção do quadro infeccioso, com melhora do quadro respiratório e diminuição da exoftalmia e flacidez muscular (força grau 2). Recebeu alta hospitalar após 29 dias, com T4 livre: 1,73 e acompanhamento ambulatorial, em uso de anti-hipertensivos e PTU (300mg/dia). No retorno ambulatorial, apresentava força grau 3, exoftalmia e tireoide palpável e endurecida, sem nódulos palpáveis. Reduziu-se a dose de PTU (200mg/dia) e exames foram solicitados para o retorno.

Conclusões/Considerações finais

Conclusões: Este caso exemplifica uma crise tireoidiana em paciente com Doença de Graves não tratada adequadamente, desencadeada por pneumonia. O escore inicial era suficiente para o diagnóstico, mas a infecção gerou dúvidas pela sobreposição de dados clínicos.

Palavras-chave

Crise tireotóxica; Hipertireoidismo; Tempestade tireoideana; Escore Burch-Wartofsky

Área

Clínica Médica

Autores

Henrique Hoichi Borim, Iago Amado Peres Gualda, Marcos Madeira de Lima, Mirian Hideco Takahashi, Wilson Eik Filho