15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

NEUTROPENIA FEBRIL INDUZIDA POR CLOZAPINA, RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A neutropenia febril (NF) é definida por temperatura acima de 38,3ºC e pela contagem absoluta de neutrófilos abaixo de 0,5 x 10⁹/L, em que o sistema imune fica depletado de tal forma que a febre pode ser o único sinal de infecção secundária. O manejo pode ser intra-hospitalar ou ambulatorial, dependendo da estratificação de risco e do status funcional do paciente. A identificação da etiologia é muitas vezes inviável, sendo o início rápido da terapia empírica um dos pilares no tratamento.

Objetivos

Relatar caso de neutropenia febril induzida por Clozapina no tratamento de paciente com transtorno esquizoafetivo.

Caso

R.C., feminino, 55 anos, encaminhada à emergência de um hospital do interior do Rio Grande do Sul. Refere que há 1 dia iniciou com alucinações auditivas e visuais, com vozes de comando para se matar e matar os outros. Cometeu um homicídio em 2010 quando psicótica, e esteve no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF). Relata várias tentativas de suicídio prévias. Em uso de: Ácido Valpróico 500mg/dia; Lítio 900mg/dia; Biperideno 6mg/dia; Clopromazina 100mg/noite; Risperidona 4mg/dia; Diazepam 10mg 12/12h; Fluoxetina 60mg/dia; Haloperidol decanoato 2amp/mês. No momento da internação, apresentava-se lúcida, orientada auto e alopsiquicamente, humor deprimido, afeto congruente, pensamento lógico/agregado com fio associativo e conteúdo de desvalia, sem alterações de sensopercepção, memória preservada, normolálica, inteligência aparentemente na média, prospectando melhora. Durante a internação foi realizado um wash out e iniciado Clozapina, chegado a dosagem de 300mg ao dia, com boa resposta de início, quando a paciente desenvolveu agranulocitose e NF. Embora inexista protocolo para manejo de pacientes neutropênicos febris no hospital em questão, ao constatar a NF realizou-se duas hemoculturas em locais distintos, com resultados negativos, e em seguida iniciou-se antibioticoterapia empírica e a Clozapina foi interrompida. A detecção de etiologia foi ineficaz e, neste caso, tornou necessário a manutenção de Cefepime 2g IV 8/8h, com melhora do quadro.

Conclusões/Considerações finais

A ausência de protocolo para manejo da NF, ainda que não tenha interferido no desfecho, atrasou a conduta. Assim, urge a necessidade de criação de um protocolo no âmbito de otimizar o manejo e garantir melhor adesão à terapia, diminuição das taxas de mortalidade e do tempo de internação, acarretando em consequente economia.

Palavras-chave

Transtorno esquizoafetivo, agranulocitose, neutropenia febril, tratamento empírico.

Área

Clínica Médica

Autores

Luiz Renato Ribeiro, Sergio Vieira Bernardino Júnior, Leonardo Rickes da Rosa, Octávio Cini Sacchett, Daniel Ceconello Maronez