15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TENTATIVA DE SUICÍDIO COM NAFTALINA: RELATO DE CASO QUE EVOLUIU COM HEMÓLISE

Introdução/Fundamentos

A naftalina é um agente de uso comum como repelente contra insetos. Contém normalmente naftaleno e/ou paradiclorobenzeno. Estes são absorvidos por via oral, cutânea e inalatória, e a ingestão acidental em crianças não é rara. A intoxicação por naftaleno pode causar cefaleia, febre e sintomas gastrointestinais. A complicação grave mais comum é hemólise intravascular, cerca de 3 a 5 dias após exposição. Mais raramente, pode ocorrer metemoglobinemia, sendo os pacientes com deficiência de Glicose-6-fosfato desidrogenase mais predispostos.

Objetivos

Relatar caso de tentativa de suicídio com naftalina, atendido no Centro de Informação e Assistência Toxicológica que evoluiu com hemólise.

Caso

Paciente de 18 anos, masculino, ingeriu em tentativa de suicídio 5 pastilhas de naftalina, apresentando vômitos logo após ingestão. Dois dias após iniciou com palidez, icterícia e oligúria. Realizado exames laboratoriais, sugerindo anemia hemolítica (Hb 5,4; Ht 16; BT 2,6; BI 1,68). Realizada transfusão de Concentrado de Hemácias (CHAD), com melhora de parâmetros hematimétricos, seguindo sem cianose e dispnéia, e orientado alcalinização urinária, a qual não foi realizada. Três dias após a ingestão, paciente apresentava-se anúrico, sendo orientado hemodiálise e descartado quadro de metemoglobinemia. Evoluiu com realização de hemodiálise diária por 4 dias, com melhora discreta da função renal, mas mantendo-se anúrico. Prosseguiu recebendo novo CHAD e realizando hemodiálise a cada dois dias, com retorno da diurese. Recebeu alta com 11 dias da ingestão, com indicação de hemodiálise ambulatorial.

Conclusões/Considerações finais

A hemólise intravascular é um desfecho pouco comum na ingestão de naftalina, sendo a alcalinização urinária e hemotransfusão o tratamento de escolha. Nos casos que evoluem com metemoglobinemia o tratamento de escolha é o Azul de Metileno. A intoxicação por naftalina costuma cursar com quadro assintomático, sem necessidade de exames laboratoriais. Em uma série de casos atendidos no CIATox/SC em que foram analisados 307 casos de 2003 a 2010, houve predomínio de ingestão por crianças na faixa etária de 1 a 4 anos, com evolução predominante de cura. Em 2016 temos relato de outro caso de tentativa de suicídio, também evoluindo com anemia hemolítica. No caso descrito, apesar de orientado não foi realizado a alcalinização urinária, que poderia ter colaborado com um melhor desfecho. Paciente necessitou de várias sessões de hemodiálise enquanto internado, e mesmo na alta foi programada hemodiálise ambulatorial.

Palavras-chave

Naftalina; Paradiclorobenzeno; Naftaleno.

Área

Clínica Médica

Autores

Jéssica Andrade, Adriana Mello Barotto